Recebemos vários comentários sobre o Bate-papo sobre relacionamento com o Marco e a Majô, assim repetimos a dose com o Joel. Teremos três artigos: tempo de espera, namoro e noivado. Este é o primeiro.

O Eu Vos Escrevi fez várias perguntas a ele, que por sua vez nos respondeu com muita alegria, sinceridade e convicção. Por isso, desfrute! Que você se sinta à vontade ao ler, assim como o nosso amado irmão Joel nos deixou à vontade para perguntar.

Joel Ferreira é casado com Maria Villani Ferreira há 30 anos. O casal tem dois filhos, Felipe e Tito. Felipe é casado com Jose e, junto com sua esposa, hoje mora em Johannesburgo na África do Sul. O Tito mora com os pais e faz faculdade. Joel se converteu aos 16 anos (há aproximadamente uns quarenta anos).

1ª Parte do Bate-Papo

Eu vos escrevi: Então você é daquele grupo, de ribeirão preto, você também tinha aquele cabelão e as roupinhas? (risos) 

Joel: Tinha. Eu me vestia daquelas roupas de saco de farinha e era meio “hippão”.

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Eu vos escrevi: E quando você foi parar lá para cima (Fortaleza)? Foi muito depois? 

Joel: Eu me casei né. Casei com uma cearense. Naquele tempo, o irmão Dong estava compartilhando sobre sair e nós levarmos mudas da igreja. Antes nós levávamos uma semente da igreja, só que a semente ainda poderia morrer. A mudinha já é uma coisa mais concreta, então a muda seria um casal. Naquele tempo o Senhor me deu o sentimento: “Senhor eu quero levar uma muda da igreja, só que para isso preciso estar casado”. Então, eu comecei a orar para o Senhor me dar uma esposa. O Senhor me deu uma esposa cearense e eu fui pra Fortaleza para conhecer a família. Quando eu fui, vi que não tinha ninguém ainda em Fortaleza. Toda aquela região nordeste não tinha ninguém ainda. Aí foi que o Senhor me colocou no coração de casar! Me casei e fui embora para Fortaleza, no Ceará.

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Eu vos escrevi: A irmã Villani, você a conheceu em Ribeirão Preto? 

Joel: Ah… foi uma Love Story (risos). Sou da cidade de Guarulhos e nós tínhamos um grupo de jovens lá. Frequentávamos as reuniões em São Paulo, na casa 1. Nesse tempo ela trabalhava na força aérea e ela veio para São Paulo. Em São Paulo, eu era técnico em eletrônica e ela levou um gravador para consertar. Eu consertei e cobrei caro dela (risos), por isso até hoje eu pago esse gravador (mais risos). E foi quando nós nos conhecemos. Fizemos amizade, tudo, mas aí ela se mudou, eu era bem novo ainda. Dez anos depois nos encontramos novamente. Ela foi morar na minha cidade, um irmão me ligou, ela veio de Brasília, aí o irmão: “olha, precisa cuidar de uma irmã que está indo para aí e não conhece ninguém”. Os irmãos me destacaram para eu poder, pelo menos apresentar à cidade e aos irmãos. Fui na base aérea, onde ela trabalhava. Ela fez um bolo de chocolate para me receber e eu estou comendo bolo de chocolate até hoje (risos). Começamos a conversar e não tínhamos nenhum interesse um no outro. Com o tempo, quando o irmão Dong compartilhou sobre essa questão de mudas da igreja, eu comecei a ver a Vilani com outros olhos, com os olhos do coração. Mas quando comecei a vê-la de modo diferente, eu já estava um ano orando para que o Senhor pudesse me dar alguém que pudesse somar comigo. Eu queria dar um bom testemunho para os jovens, para os meus pais, para a igreja e para ela também. testemunho. Queria casar virgem. E o Senhor realmente, juntou, como diz no Nordeste “Bebéu com Dedéu” (risos). Ficou bem casado. Casamos em Guarulhos. Na conferência de Setembro, numa revisão, ela não sabia de nada e terminando a revisão, eu disse: “Irmãos, eu tinha algo muito importante a dizer pra vocês”, tirei as alianças e falei: “Vilani, eu quero te pedir em casamento na frente dos irmãos”, e daí ela não teve como dizer não né (risos). Começamos a namorar em maio, ficamos noivos em setembro e nos casamos em dezembro. Eu tinha certeza quando eu falei com ela. Primeiro eu falei com os irmãos, o que é um bom princípio. Fale com os irmãos antes de falar com o rapaz ou falar com a moça. Porque daí quando você tem a benção do Senhor, você tem a benção dos irmãos, você vai para o inferno, vai lá e volta e traz gente (risos). Então a planta que o Pai não plantou, Ele vai arrancar, mas a planta que Ele plantou, Ele vai cuidar (Mt 13:24-30). Aquilo que você consegue com seu esforço, com seu esforço você vai ter que manter; mas se é Deus que deu, Ele vai cuidar.

Eu vos escrevi: “O que Deus não ajuntou, que não ajunte o homem” (risos)

Joel: É, exatamente! É isso ai!

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Eu vos escrevi: Então parece que foram dois períodos: um período de dez anos até você reencontrá-la e depois mais um período de um ano até você falar com ela. E ai foram 11 anos de espera. Como foi sua experiência nesse período? Você estava preocupado com isso? Ou não estava? 

Joel: Minha mente estava ocupada inteiramente em trabalhar, estudar. Porque eu tive poliomielite e eu fui alfabetizado aos 15 anos de idade. Até então eu não conseguia estudar, eu não conseguia fazer nada. Então aos 15 anos, eu comecei a ser alfabetizado, aos 16 eu me converti. Eu fui batizado depois que eu cri no Senhor. Logo que eu me converti, eu vim para a igreja e os irmãos sempre falavam: “Você precisa ter um viver humano normal e adequado para que o Senhor possa te usar. E eu tinha muito sentimento que o Senhor me usasse para Ele. Porque Ele me deu a vida e eu queria dar a vida para Ele. Comecei a estudar, fiz cursos no SENAI, no SENAC, só não fiz curso de corte costura e arte culinária (risos), o resto fui fazendo de tudo. E vivendo INTENSAMENTE a vida da igreja em tudo (passeios, pregação do evangelho, caminhada), eu estava envolvido em tudo com os irmãos. Ficava aguardando no Senhor o tempo. Saber esperar o tempo de Deus é a melhor coisa que existe. Precisa muita graça, mas vale a pena.

Eu vos escrevi: Então o segredo para aproveitar esse tempo de espera é se ocupar com o Senhor, esquecer um pouco isso?

Joel: Isso, com tudo, com o Senhor, com os estudos, com o trabalho. Exatamente.

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Eu vos escrevi: Nesse período todo, teve algum momento que você ficou em dúvida: “E aí, será que é isso, será que tem que esperar mesmo?”. Ou você durante os onze anos tinha a convicção de que tinha que esperar? Você tinha essa convicção ou surgiu aquele momento de dúvida, de incerteza, que você pensou assim: “Não, acho que não vou esperar mais”?

Joel: Eu tinha convicção porque eu pedi para o Senhor: “Se é Teu, aumenta. Se não é Teu, queima tudo de uma vez”. Fiz essa oração porque sentimento é algo muito difícil de lidar e se você tem medo de que Deus venha queimar, então é sinal de que aquilo não é de Deus. O que é de Deus passa pelo fogo e não queima. Então eu tinha certeza. Também tive a comunhão com os irmãos. Eu sempre estava ali com o Pedro Dong, com o André Dong, com o irmão Dong Yu Lan, com os irmãos que serviam os jovens naquele tempo. Sempre junto com eles.

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Eu vos escrevi: Um jovem que enviou a seguinte pergunta: “você está no colégio e há certa pressão de ter namoradinha. Mas, às vezes a pessoa só quer uma companheira, alguém para estar junto. Qual o erro de ter só uma companheirinha? E se eu tiver sentimentos, vontades, desejos, durante o tempo de espera, o que fazer?”. Como esse jovem de 17 anos pode vencer essa etapa?

Joel: A mente colocada na carne dá pra morte, a mente colocada no espírito dá para vida (Rm 8:6). Todo pensamento repetitivo também faz você pender muito para um lado. Uma vez que você, hoje, está envolvido com a igreja, falta tempo. Hoje, aquela questão de ter alguém, uma companhia é muito perigoso. Ter uma coisa sem compromisso? Não existe relacionamento sem compromisso, porque você está empatando o seu tempo: o tempo da moça ou o tempo do rapaz. Se você quer uma companhia arruma um gato, um cachorro, um gatinho, um preá, um hâmster, um peixinho! Um peixinho é meio sem graça, tartaruga também eu acho sem graça (risos). Arruma um cachorro ou um gato. É menos perigoso!

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Eu vos escrevi: A vontade de Deus é que nós esperemos. Mas, se em algum momento um jovem desistir de esperar, cair e fazer besteira, o que fazer?

Joel: Vou me arrepender, voltar. Faça de tudo para não cair, mas se cair, o Sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica. Não só de alguns, mas de todos os pecados. Agora, o arrependimento é uma árvore que gera fruto, por isso chama frutos de arrependimento. Não é só dizer: “Ah, eu errei, Senhor, me perdoa”. Existe uma tristeza, uma amargura, um sentimento de pesar. É um “Puxa, eu realmente errei” acompanhado de uma tristeza. Não é uma tristeza negativa. É a tristeza segundo Deus, não é a tristeza segundo o mundo. É o que está lá em Salmos 51: “Restitui-me a alegria da Tua salvação. Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro em mim um espírito inabalável”. Então, você tem aquele pesar pelo erro que você cometeu e isso é um arrependimento com fruto. Como diz Paulo em 2 Coríntios 7:11: que vindita, que angustia, que temor. É a tal ponto que você é alguém que estava no serviço e pensa que os irmãos vão tirar você desse serviço, mas não vão. Você pode falar: “Eu não me sinto digna de estar servindo, eu quero primeiro lavar minhas mãos que estão com pecado e depois eu posso voltar para o serviço”. Então faça tudo para não pecar, para não errar. Mas se errar, temos o Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo. A maneira de não cair no buraco é não ficar do lado dele.

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Eu vos escrevi: Certa vez uma jovem me fez o seguinte comentário: “Fulana, eu não aguentei, eu fiquei com um jovem e é muito bom. Eu quero mais, sei que está errado, eu sei que eu não quero fazer e parece que têm duas metades de mim brigando. Tem uma metade de mim que não quer se arrepender, que quer deixar para se arrepender depois e quer fazer de novo. E a outra metade de mim que conhece todas as palavras que os irmãos já falaram e que quer parar. Mas eu não consigo e não sei como lutar essa luta”. Que conselho você poderia dar para ajudar essa jovem?

Joel: Nessa situação, você está alimentando o pensamento repetitivo. O fato de você dizer que está gostando daquilo é sinal de que não está dando valor. Você esquece que isso faz com o que a pessoa do Senhor e a comunhão se distancie de você. A pior coisa do pecado é perder a presença do Senhor. Falta a unção, o brilho, você fica fosco e insípido. E agora, o seu corpo se tornou um membro da sua vida da alma. Através de tocar e de ser tocada, de ver e de ser vista, isso alimenta muito a sua vida da alma e está trazendo prazer para você. É sinal de que você perdeu o prazer na Lei do Senhor. O conselho que eu dou para essa pessoa é que ela possa ir diante do Senhor e clamá-Lo, porque ela despertou um monstro que estava ali. E fazer esse monstro voltar para o canto dele não é muito fácil. Por isso é melhor, não despertar. Agora uma vez despertado, primeiro, peça ajuda. Porque, principalmente, no aspecto humano, (não vou dizer no aspecto espiritual), quem fica com a parte mais difícil de um relacionamento quando acontece uma situação dessa é a moça. Por que? Se o rapaz não é alguém que desfruta o Senhor, quando a paixão acabar e eles voltarem para à realidade, ele vai acabar falando para outros: “aquela menina é assim”. Moças também fazem isso, mas não fere tanto a imagem de um rapaz. E também tem outra coisa: “Como vou ficar numa reunião se eu permitir que aquele irmão me toque ou aquela irmã me toque? Surge o sentimento de vergonha. Paulo  em Efésios 5:3 falou assim: “a impudicícia”. “Vai alta a noite, e vem chegando o dia. Deixemos as obras das trevas e nos revistamos das armas da luz” (Rm 13:12). É hora de deixar todas essas coisas: a falta de vergonha, a falta de pudor. A atração é normal, foi Deus que colocou em nós. E é prazeroso para o homem como para a mulher, mas existe o tempo e a pessoa que Deus escolheu para isso para nós. Então, a melhor maneira para uma pessoa que está nessa situação é ela pedir logo ajuda, antes que seja tarde demais.

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Eu vos escrevi: Encerrando essa fase do contexto de espera, há algum conselho que você gostaria de ter recebido na época que estava esperando (antes do namoro), ou algum conselho que você recebeu e que fez muita diferença, ou algum conselho que (se fosse voltar lá atrás), daria pra você mesmo?

Joel: Eu deveria ter estudado mais e feito meu curso de inglês. Faz muita falta. Vão fazer já 40 anos que estou no “To be or not to be” ‐ only! (risos).

E o que me guardou, foi essa questão de esperar no Senhor. Eu li um livro que contava a história do irmão Watchman Nee, que ele estava lendo a Bíblia e ele encontrou o versículo: “Que mais tenho eu no céu? Não há quem me compraz na terra.” (Sl 73:25), e quando ele viu aquele versículo, o Senhor falou para ele: “Para você isso não é verdade. Você ainda tem alguém que você se compraz na terra.” ‐ que era uma moça que ele gostava muito e ela não tinha tocado e se convertido ao Senhor. Então, para não atrapalhar em seu ministério ao Senhor, ele a deixou. Aquilo o deixou muito triste, mas ele teve que tomar uma posição. Depois de um tempo, ele foi a uma cidade e quando foi pregar a palavra, ele encontrou essa moça, só que ela já era uma irmã. Aí foi que ele se casou com ela. Aquela história me guardou muito! Então: esperar. Por isso que aquele teste do marshmallow que foi feito nos Estados Unidos é verdade. Tem aquela história de Saul que ele ofereceu o holocausto, ele não esperou Samuel e aquilo prejudicou a história dele (1 Sm 13: 8-14). Ele foi muito “apressadinho”. Ele diz assim: “Forçado pela circunstância.” ‐ então, é saber esperar.

Eu vos escrevi: Foi forçado “pelos colegas de sala…”.

Joel: É! Exatamente.

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Eu vos escrevi: Então que o tempo de espera faz parte do plano de Deus?

Joel: Exatamente! Deus esperou nove meses na barriga de Maria. Imagina a agonia! Se Ele podia simplesmente falar: “Haja um homem!”.

… CONTINUA NO PRÓXIMO POST

Hoje falamos um pouco de como foi o tempo de espera do Joel e da certeza que ele teve em Deus nesse período –  o que nos encorajou muito. Também recebemos várias orientações preciosíssimas de como lidar com certas situações.

Semana que vem continuaremos o bate papo e o assunto será sobre o namoro.

Se há dúvidas que não tenham sido respondidas sobre Esperar, nos disponibilizamos para te ajudar. Deixe sua questão nos comentários ou nos envie um e-mail, buscaremos irmãos mais velhos para cooperar conosco nas respostas!

Caso tenha sido ajudado por esta entrevista, nos diga, através dos comentários, em que foi ajudado.

Até o próximo post! 😉