Essa parte da entrevista está imperdível. Várias perguntas foram respondidas com uma sinceridade e simplicidade fora do que estamos acostumados. Nosso irmão, abriu seu coração e trouxe orientações práticas e úteis. Alguns pontos abordados:

• Como perceber que chegou a hora?

• Quais os requisitos mais importantes para começar um namoro?

• Como funciona esse negócio de “dormir na casa da namorada”?

• Existe “alma gêmea”?

• Qual passo a passo seguir para começar um namoro?

• Quanto tempo deve durar o namoro?

• O namoro pode servir a Deus?

• O beijo é liberado?

• Os namorados devem abrir todo o seu passado um para o outro?

Confessamos que durante nossa trajetória jovem, poucas vezes ouvimos orientações tão completas, profundas e concretas.  Ao preparar essa entrevista repetimos questões que foram apresentadas ao irmão Marco Mello e sua esposa, esperávamos respostas diferentes, claro, mas não tão distintas. Pudemos perceber como o que realmente importa é o temor ao Senhor (1 Jo 2:27) através do qual somos guiados em cada situação.

Sobre Joel Ferreira

Joel Ferreira é casado com Maria Villani Ferreira há 30 anos. O casal tem dois filhos, Felipe e Tito. Felipe é casado com Josi e, junto com sua esposa, hoje mora em Johannesburgo na África do Sul. O Tito mora com os pais e faz faculdade. Joel se converteu aos 16 anos (há aproximadamente uns quarenta anos).

2ª Parte do Bate-Papo

Eu vos escrevi: Existe um tempo para percebermos que chegou a hora? Como um jovem consegue perceber que o tempo de esperar terminou?

Joel: Quanto mais tarde for, melhor. No seguinte sentido: você ainda não se formou e ainda vive debaixo dos cuidados da sua família. Como é que você vai tirar uma moça de dentro de casa? Ou tirar um rapaz? Não tem aquela situação de você ir ao supermercado, encher o carrinho e dizer para o caixa: “Eu vou pagar todas essas compras com o amor que eu tenho por ela!” ‐ você vai ser preso com todo o amor! A água, a luz, as contas que vêm… Então o bom, o melhor, o necessário (existem exceções) é que você já esteja formado; se está estudando ainda, que já tenha pelo menos como ter uma casa nem que seja alugada, simples, porque vai tirar a moça de dentro de casa (claro, no começo há muita dificuldade, mas que tenha pelo menos o básico para poder constituir uma família). Então: Esperar, esperar, esperar. Esses dias eu dei um exemplo para uns irmãos na reunião de jovens. Levei três mangas: uma pequenininha, uma manga já no ponto e outra manga já passada do ponto. Então, aquela manga pequena, se você for colher do pé, não chegou à maturidade. A outra está no ponto. E a terceira – até cantei a música da Aline Barros – “Pai, eu preciso de um milagre!” (risos) ‐ porque já está passando do ponto. Então, é uma questão bastante subjetiva. Agora, há alguns aspectos humanos que nos mostram que está na hora: você já tem idade e maturidade. Existem rapazes que só tem corpo de homem e a cabeça é de menino. Assim como também muitas moças têm o corpo de uma mulher, mas a cabeça é de uma menina ainda. Precisa se formar ainda.

Eu vos escrevi: Então, você está dizendo que: “A hora de namorar é só quando eu já posso casar?”. Nem pensar em namorar se eu não posso pensar em casar?

Joel: Exatamente. É dura essa palavra, mas é preciso. Nós que já passamos por isso, sabemos que não existe essa situação de: “estou lendo a Bíblia ao lado dele aqui e tal. Vamos orar juntos”. Não tem disso não! Vira beijo e abraço, e não tem como.

Eu vos escrevi: E a maturidade é essencial!

Joel: Essencial! Importante para você aprender a dizer: “Não!”. Depois que o monstro acorda – é difícil colocar ele para dormir.

Eu vos escrevi: É perceptível com os jovens com quem convivo, começam a se envolver em um relacionamento e assim que o terminam, logo entram em outro. Há esse comportamento: já não conseguem mais viver sem aquilo. Então, realmente, essa questão do monstro que desperta é verdadeira. Isso é impressionante. Torna-se uma necessidade, algo essencial.

Joel: É. E estou falando algo que eu pratiquei. Não estou passando “cheque sem fundo”! Não é fácil esperar, mas é possível esperar. Como diz o tema da conferência, devemos ser “Um jovem normal no plano de Deus“. Você é um jovem normal, que estuda, lê bastante, ocupa a sua mente, sai com os irmãos e têm amigos. Tem horas que o relacionamento estraga: “O quê você estava conversando com ele(a)?”; “Olha, estou indo à reunião.”; “Não vá não… você vai me deixar sozinha(o)?”. Nós só temos uma única oportunidade de ser jovem. Vamos querer ter esse compromisso e atropelar o tempo?

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Eu vos escrevi: Qual a diferença do namoro na igreja e namoro no mundo?

Joel: Eu não sei, porque eu só namorei na vida da igreja. A minha esposa foi a minha primeira namorada e também foi minha primeira mulher. Ela foi minha primeira em tudo. Então eu não tive nenhuma experiência de namoro do mundo. Eu comecei a namorar no mês de maio, fiquei noivo em setembro e me casei em dezembro. Há quase 30 anos que eu estou namorando com ela. Nós sempre pedíamos ao Senhor: “Senhor, nós queremos casar virgens”. Nessa época eu já tinha vinte e seis anos, e ela tinha vinte e sete. Ela sabia o que eu queria e eu também sabia o que ela queria. Não foi fácil. Hoje o namoro que envolve beijos e abraços, tem que ter um coração de se guardar para o Senhor, de se proteger para o Senhor (tanto você quanto a outra pessoa). O que sei sobre o namoro do mundo é que o pessoal fala: meu “namorido”. Na verdade, só estão vivendo juntos e se resume a isso: “Ah, meu namorado está vindo aqui no meu quarto dormir comigo”. “Ah, está bom minha filha”. Mesmo quando meus filhos, atualmente, vão sair eu digo: “filho, quando sair com sua namorada, lembre‐se dos seus dois pais: o pai que está no céu e o pai da terra. Então nós sempre estamos por perto, sempre cuidando, resguardando. Se você tem princípios, tudo começa na mente, coloque isso na mente e irá te guardar.

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Eu vos escrevi: Existem regras para um namoro adequado dentro da vida da igreja? Ao que devemos estar atentos? Como vai funcionar esse período?

Joel: Nós temos uma unção que está dentro de nós e ela nos ensina a respeito de todas as coisas (1 Jo 2:27). O corpo dela ainda não é teu. E teu corpo ainda não é dela (1 Co 7:4). Durante o relacionamento, vão passear, conversar, conhecer a família. Porque quando você casa com a moça, você se casa com a família toda, cada cunhado, cada cunhada, a sogra (risos). Não se casa só com a pessoa, se casa com a família todinha. Então vá conhecer a família que você está se casando. E observe: se ela é mal educada, abusada, cascuda com a mãe e com o pai, então ela será pior com você. Se o rapaz é mal educado, grosseiro, preguiçoso, pode saber que ele será muito pior com você. Esse é o momento de conhecer a família dos dois lados e principalmente conhecer o caráter da pessoa. Apesar de que, quando estamos apaixonados, nós ficamos cegos. Mas você deve pensar: Senhor, eu quero um relacionamento sério, então me dê luz para que eu possa ver.

Outra coisa: não existe essa questão de namoro muito prolongado, ninguém conhece ninguém com esse namoro. Porque acaba disfarçando alguma coisa. Exitem situações em que a pessoa namora dez anos, casou há um ano e no outro ano já está separando. Então, o melhor namoro é o de conhecer a família, tanto de um lado como do outro, porque o casamento agrava a situação. Os dois irão viver ali juntinhos, compartilhando as coisas.

Tem que ver também se você tem um mesmo nível social. Isso dá problema: a moça é formada, ganha bem e você não. Só da certo em novela. Esses dias eu estive com um casal em que a moça era subgerente de banco e o marido era o segurança da porta do banco. Ela saiu com o gerente para almoçar, pelo trabalho, e aí o esposo abriu a porta. Estavam ali os gerentes saindo, nisso o gerente perguntou: ‘E o seu marido? Você nunca me falou dele.’ E ela: ‘Lá no restaurante, a gente conversa’ e passou perto dele. Isso causou polêmica. Não crie a ilusão de que isso não dá problema. Geram problemas tanto de um lado como do outro, principalmente quando é do lado feminino. Vou dizer a nível de Nordeste para o homem nordestino: para ele é humilhante ganhar menos que a esposa e, assim, não ser o mantenedor da casa.

Eu vos escrevi: Aproveitando ainda sobre o que você disse que o melhor namoro é aquele em que você conhece a família da pessoa. Como funciona esse negócio de visitar a família? Porque no mundo você diz assim: ‘Ah eu fui dormir na casa da minha namorada.’ O que o pessoal imagina? Que você foi fazer sexo com ela. Na vida da igreja quando eu ouço: ‘Ah, fui dormir na casa da minha namorada’, ‘a namorada foi para minha casa’, ou então ‘eu fui para conhecer a família e fiquei lá na casa dela’. Há situações em que fica hospedado em outra casa, ou as vezes fica hospedado na própria casa. E aí Joel, como é que funciona?

Joel: Vou contar a experiência que eu tive como solteiro, casado, e com meus filhos.

Minha experiência (Solteiro): Meu sogro e minha sogra moravam no Ceará. Eu e minha esposa – na época namorada – conversávamos por telefone e por carta – isso há trinta anos. Então ela contou: “papai, mamãe, não vão se assustar, mas o “bichinho” usa muleta, ele tem deficiência nas pernas, mas ele é até bonitinho. Ele está lá, ele trabalha, é formado em eletrônica, tem uma boa família, o pai é crente”. Então me descreveu para eles. Os pais dela mandaram uma carta para ela dizendo: “Olha, quem vai viver com ele é você, nós não estamos vendo ele nem a família dele, então você é quem tem de ver. Então se atente bem a essa questão”. E eu, no meu caso, via a postura dela diante dos irmãos. Era uma moça recatada. Onde a gente ia, sempre íamos juntos dos irmãos e aí quando nós fomos viajar para o Ceará eu já fui casado. Não fomos só eu e ela para um lugar juntos, sozinhos e solteiros.

Eu vos escrevi: Então você não teve a oportunidade de conhecer a família dela antes de se casar?

Joel: Não. Não tive, só por carta e por foto. Eles moravam em uma cidade no interior do Ceará, mas eu já estava casado.

Agora quero contar a situação dos meus filhos.

Meu filho Felipe casou‐se com a Josi. A Josi é uma menina que desde os cinco anos vive a vida da igreja, cresceu na vida da igreja. Então nós já conhecíamos a família dela e sempre viveram junto com os jovens. O meu filho veio me falar: “pai eu estou com sentimentos por uma moça”. Eu sempre dizia: “Antes de falar com a moça, fale comigo!” E eles sempre me obedeceram nessa questão. Então foi daí que o Felipe falou comigo e depois falou com a Jôse. Foi muito bom! Então nesse caso as duas famílias já se conheciam.

O Tito, atualmente, está solteiro, mas ele já esteve quase noivo. Ele ia viajar para conhecer a família da moça. Aí eu falei que permitia que ele fosse e que conhecesse os pais dela. “Você vai ficar na casa dela, mas se guarde e proteja-se no Senhor”. É muito importante que conheça: esse aí é o individuo! (risos). Também quando a moça veio, eu disse: “se guarde no Senhor e se proteja”. Nós estávamos sempre muito junto deles. Então, no meu caso particular, eu sempre orientava dessa maneira porque era uma pessoa que morava longe. Hoje, na vida da igreja, nas conferências de jovens você conhece gente que mora longe, conhece gente de toda parte do Brasil e até do exterior. Acaba que muitas vezes você tem que viajar para conhecer a família. Agora, se a pessoa tem um temor de Deus ela vai se guardar. Porque se a pessoa não tem temor, não importa o máximo de cuidado que você tiver. Ela vai arrumar um jeito para aprontar.

Você deve também evitar a aparência do mal. Não levar a consciência dos irmãos a desconfiar (1 Co 8:12). Há uma coisa que se chama: intenção e impressão. Se eu começar a dar carona sempre para a mesma pessoa, a mesma irmã, e deixo a minha esposa em casa, aí dá a impressão de que eu estou tendo um caso com aquela pessoa. Então devemos sempre estar atentos, preocupar sempre com a impressão que aquilo está causando nas pessoas para não ofender a consciência delas. O testemunho!

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Eu vos escrevi: Existe A pessoa certa? A cara metade? O pessoal fala a “metade da laranja”.

Joel: A tampa da panela.

Eu vos escrevi: Ou existe uma pessoa que você vai perguntar: Senhor, é essa? E o Senhor vai responder: é, pode ser essa daí. Qual a sua visão disso?

Joel: Hum… Deixa eu dizer uma coisa aqui. Não existe alma gêmea. Se têm duas pessoas diferentes sou eu e minha esposa. Eu sou brincalhão, gaiato, zuadinho, eu gosto de estar no meio do povo. Ela gosta mais de ficar no cantinho dela, ela até gosta de estar com as pessoas, mas ela tem o cantinho dela. Então eu digo assim: o Senhor vai nos moldando. Se Deus deu uma pessoa para você, Ele vai te moldando a ela. Duas pedras brutas e o Senhor vai nos lapidando e encaixando a tal ponto em que não dá mais para separar. Eu, por exemplo, não consigo mais viver sem a Villani. As pessoas já dizem: ah, é o Joel da Villani. É o Antônio da Maria. Muitas vezes quando morre um, parece que o outro vai morrer junto… São tão um que hoje quando eu vejo teu pai e tua mãe eu só vejo… UM. Vai chegar um ponto que não é a questão sexual em si nem a questão do contato físico somente, ultrapassou isso. Agora, não é aquela questão de, você é perfeito e o outro é perfeito. São os dois muito imperfeitos. Você é o café e ela o leite.

Eu vos escrevi: Então não existe uma pessoa certa? Uma cara metade.

Joel: Você tem que tomar cuidado. Existe assim: Tem que olhar a cultura e ter o mesmo nível social. Até hoje eu falo para meu filho: ‘arrume uma namorada que o batom dela seja menos que um salário mínimo’. (risos)

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Eu vos escrevi: Como você soube que era ela? “É ela! É ele!”. A certeza de que é a pessoa certa?

Joel: Isso é tão subjetivo que quando eu bati o olho na Villani, quando eu fui cuidar dela, eu não tinha nenhum sentimento por ela, mas depois que o irmão Dong compartilhou o encargo de semear (Parte 1 da Entrevista), levar a semente da igreja, de migrar e tudo mais, a certeza foi tão grande, a tal ponto que quando eu fui pedir para namorar com ela foi em uma reunião de caráter ministerial. Nós estávamos estudando o livro de Gálatas. E aí eu lembro muito bem da reunião. Falava que nós temos uma nova aliança. Que a aliança do Velho Testamento era lei. Hoje nós temos nossa aliança mediante a morte e mediante a ressurreição do Senhor. E naquele dia (sábado) saímos à noite, era inverno em Guarulhos, estava garoando ainda. Eu então falei: Vilaní, eu vou te deixar no ponto de ônibus. E o coração Tum, Tum, Tum! (risos). Eu já fui orando, orando, orando, orando. Meu Deus, como é que vai ser, eu nunca fiz isso. Aí Deus foi tão amoroso que naquela noite o ônibus atrasou, aí eu fui lá e, conversando, falei da mensagem, da reunião e os irmãos. Lá era um morro e era uma avenida grande, aí bateu o farol do ônibus, o ônibus começou a descer e eu pensei. Senhor é agora. Tum, Tum, Tum! (risos). Eu cheguei, peguei na mão dela e falei assim: “Vilaní, eu tenho uma coisa muito importante para dizer para você. O Senhor falou dentro de mim, claramente, que você foi escolhida por Deus e eu escolhi você também para ser a minha esposa”.

Eu vos escrevi: ÓÓÓÓÓ!

Joel: Eu quero me casar com você”. Cheguei nela e smack. Dei um beijo na bochecha dela. Nisso, ela diz que flutuou para dentro do ônibus e foi embora. E eu fui pra casa.

Eu vos escrevi: No susto (risos)

Joel: E no outro dia eu liguei para o trabalho dela:

‐ E aí?

– Tudo bem!  [Villani]

– Você vai para o colégio hoje?

– Vou. [Villani]. (Ela tava terminando o curso).

– Eu estou saindo do trabalho às 17:30. Às 19:00 eu devo estar lá, vamos nos encontrar e tomar um refrigerante juntos? E aí, o que você achou do que eu te falei ontem?

– Deus falou apara mim que é isso mesmo. [Villani]

E eu: ééééé!!!

E foi uma certeza no meu coração. Tive paz. Os irmãos tinham paz.

Antes disso já tinham falado com os irmãos e eles tinham aprovado.

Passamos por muitas dificuldades, muitas coisas. Mas, é como eu disse: “A planta que o pai planta, Ele cuida”.

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Eu vos escrevi: Como você orienta hoje o seu filho? A conversar primeiro com você? Você fala que também é importante conversar com os irmãos? Falar com ela primeiro? Tem uma ordem para isso?

Joel: Fala com o seu pai primeiro, porque de repente ele pode saber de alguma coisa antes de você expor em público essa situação. Porque tem que trabalhar isso no círculo pequeno e depois no circulo maior. E outra coisa: quando você for falar com irmão responsável, por exemplo, em uma cidade grande como Fortaleza e tem uns seiscentos a setecentos irmãos, tem irmão responsável que não conhece aquela moça, então é melhor você falar com um irmão que está mais próximo dela. Já pensou você conversar com um irmão próximo e ele dizer: ‘ahhh sei quem é essa mocinha sim, conheço a família, não valem nada’ (risos).

É aquilo que eu falei. Você vai casar com a família dela todinha!

E também veja a questão: hoje a maioria dos relacionamentos que estão dando errado é por problema financeiro. Amor não enche barriga!

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Eu vos escrevi: Nesse período todo do namoro, qual a importância e o papel dos pais em acompanhar os jovens, em estar junto?

Joel: Eles são como um porto seguro. Você sabe que em qualquer tempestade você tem um porto onde atracar. Então os meninos quando passavam por uma tempestade, sabiam que tinham um porto seguro, tinham um pai e uma mãe. Você não precisa fazer as coisas escondidas, porque você sabe que têm os pais que estão sempre juntos ali. Meus pais eram separados e eu convivia mais com o meu pai, então uma coisa que sempre me protegia era: “eu não posso fazer nada errado”, “eu não quero trazer vergonha para o meu pai nem para minha mãe”. Então os pais são muito importantes de estar acompanhando. Não é policiar – se a pessoa quer fazer coisa errada ela faz em qualquer hora. Em um bom viver familiar esse cuidado é muito bom.

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Eu vos escrevi: Agora, o que fazer quando o pai não é crente e ele é contra o seu namoro com aquela pessoa?

Joel: Se você é menor, você deve obedecer a seu pai e sua mãe. Depois, uma vez que você teve o relacionamento e o Senhor lhe deu certeza, nada como uma boa conversa. Explicar. Agora, por que o seu pai não quer que seu relacionamento aconteça? Ele deve ter o motivo dele. Ou você precisa estudar mais, ou ele sabe algo do rapaz e tem dúvida de ser alguém adequado para você. Então acho que uma boa conversa. Ouça-os!

Agora, não é só “de marra”, dando uma “do contra”. “Só porque papai falou que não, eu vou”. Procura tentar saber o porquê. Pode ser que o pai tenha uma informação errada desse rapaz, ou esse rapaz fez algo no passado e teve um profundo arrependimento e houve uma mudança no caráter dele, na pessoa dele. De repente esse rapaz no passado era alguém que fumava, bebia e farreava, e agora ele é um irmão genuíno, que dá bom testemunho. O pai pode estar ainda com a imagem anterior à conversão dele. Coisas desse tipo acontecem. Estou dizendo isso porque teve uma vez que teve um casal passou por isso e eu tive que ir lá, mostrar ao pai que o rapaz realmente no passado era assim, mas hoje ele é outra pessoa. Nada como uma boa conversa.

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Eu vos escrevi: E agora nós temos mais uma coisa aqui para perguntar: o que é o jugo desigual? É só questão de incrédulo com crente, ou por acaso tem outros aspectos como classe social, desfrute, congregações diferentes, metas diferentes ou tem outros aspectos também?

Joel: Tem a questão também que hoje nós temos um bom contato também com os irmãos que não se reúnem conosco, não é? E realmente tem irmãos que temos que tirar o chapéu para eles, pois estes tem uma boa experiência de consagração. Agora, na medida do possível sempre ore ao Senhor para que ele possa nos dar alguém da mesma tribo né, se possível. Vou dizer um exemplo ruim. Um jovem muito promissor, muito, muito, muito promissor se casou com uma irmã muito querida de outra congregação, então ela amarrou ele e não permitia mais que vivesse a vida normal da igreja como vinha fazendo. Ficou uma coisa meio desigual. Não foi nem uma coisa assim de incrédulo e crente, mas foi sim um jugo desigual. Então, eu vejo muito também essa questão da cultura. Já é uns seis ou sete casais que acompanhei, no começo são mil maravilhas, mas, com o passar do tempo a diferença de visão, a diferença cultural também. A exigência, de repente a moça ou o rapaz é muito chique  e a outra pessoa vem lá dos interiorzão. Essa pessoas vão sentir diferenças: vão sentar‐se a mesa, um sabe etiqueta, o outro não; vão conversar, um sabe português, o outro não. Pode até acontecer de uma pessoa se sentir excluída em meio à família da outra.

Eu vos escrevi: Lembro meu pai contando que, na época da faculdade, tinha uma menina que ele era apaixonado, louco por ela, e que um dia ele se assentou a frente da mesa dela, para conversar no RU, para ter aquele primeiro contato. E ela comia de boca aberta. E meu pai não aguentava nem olhar mais para a menina…

Joel: Pois é.. a Villani me conta de um rapaz que gostou muito e foi almoçar na casa dela. Para vocês verem como é importante de comer junto. O rapaz foi comer galinha caipira, tinha uma toalha bem branquinha que a mãe dela tinha colocado, o rapaz pegou e colocou os ossos em cima da toalha branca, com molho vermelho e tudo. Aí ela falou: esse ai não é para mim não..

Eu vos escrevi: Coisas pequenas né…

Joel: É…Que hoje podem ser pequenas, mas no casamento… vão ficar enormes. Vira Uma bola de neve..

Eu vos escrevi: Quanto tempo deve durar um namoro?

Joel: O mínimo possível!

No meu caso, eu acho que demorei mais..Eu queria ter casado em Junho, mas ela não quis. “Não, você é muito apressadinho”. O longo tempo de namoro acaba gerando liberdades desnecessárias..

Conheceu a pessoa, conheceu a família, você tem como manter e teve certeza: casa! Agora, existe, por exemplo, nessa questão de manter, de repente, vocês tem um sentimento muito forte um pelo outro e os dois  também estão estudando, pode acontecer até mesmo que o pai e a mãe da moça e do rapaz tenham condições de ajudar na questão de  montar uma casa. Eu acho que pode acontecer, se vocês estão fazendo faculdade, entendeu? Isso também é, até certo ponto, um guardar para vocês na faculdade. Se estão fazendo um curso, tal, monta uma casinha… Agora, o importante é deixar o pai e a mãe! Vá morar na sua casa. Em uma Kitnet, uma casinha, mas vão viver a vida de vocês! Porque não tem coisa para estragar mais casamento do que sogro e sogra, eles acabam se metendo mesmo, pode ser a melhor sogra, o melhor sogro, mas se metem.

Vão viver, porque daí vocês vão se entender. Porque é aquilo que eu falei para vocês, não tem casal perfeito, vocês estão cheio de pontas, vocês vão se aparando. E quando a sogra vê a nora dando umas coiçadas no filho, ela vai tomar partida por quem? Ou então o filho.. o marido da moça deu lá umas palavras meias grosseiras com a moça… Sempre há a boa vontade de familiares que moram juntos tentar resolver e tomar partido de alguém, o que impede que o casal aprenda a viver e conviver.

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Eu vos escrevi: Você acha que é possível casar sem namorar?

Joel: Pular essa fase? Não, não é bom não! Não é bom. É bom que você conheça a família da moça, conhecer a família do rapaz. Não convém: conheci você agora e vamos casar daqui a pouquinho.

Eu vos escrevi: Aquele olhar direto…

Joel: Não, eu acho que não. Na minha experiência, isso não é bom! Como também não é bom, você casar e logo de imediato você vai para o Ceape no outro dia, ou então vai viver na casa dos irmãos. Não! É bom vocês passarem um tempo juntos. Vivam a lua de mel. É muito importante!!!

Eu vos escrevi: Tem uma coisa no Antigo Testamento, o cara não ir para a guerra no primeiro ano de casado. (Dt 24:5)

Joel: Isso.. Ele não ia para guerra.. Exatamente!

Eu vos escrevi: Tem aquele tempo. Para cuidar do casamento mesmo, durante aquele período, construir um relacionamento.

Joel: Isso!!

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Eu vos escrevi: A gente sabe que um casamento expressa o Senhor e serve ao Senhor. E o namoro? Ele de alguma forma pode servir a Deus? Como um namoro serve a Deus?

Joel: Dando testemunho! Um caso: Maria e Tadeu!  Maria veio para a vida da Igreja tinha uns 7 anos, ai Tadeu veio fazer Ceape e conheceu Maria. A gente sentia que um foi feito para o outro! Ele veio falar primeiro comigo, o que que eu achava da Maria – porque ele gostou muito da Maria. O que o chamou atenção na Maria?  Ela andar com balde, com pano de chão e uma vassoura. Ele viu que ela, embora fazendo faculdade de Medicina, servia. Ela servindo ali junto com os jovens, indo limpar banheiro com os  jovens. Ele sempre orava ao Senhor que queria alguém que servisse ao Senhor, mas que tivesse um viver humano normal e ai foi que eles começaram. Namoram durante uns 2 anos. O namoro deles expressava Deus. Você via eles indo nas reuniões, dando testemunho. Você nunca via, por exemplo, aquela questão de ficar se beijando na frente do povo, você não via aquele agarra-agarra. Não! Era um viver humano, aquela questão normal, tranquila. Era um namoro que realmente expressa o Senhor. De outro lado, você vê que existem namoros que não estão expressando o Senhor.

O que você é, você é em todas as faces da sua vida. É o que eu sempre falo com os meninos: não é que aquele lugar tinha pulga, mas é que você foi e levou suas pulgas contigo! Cada cachorro tem suas pulgas! Então o que você é, vai ser expressado em todo canto!

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Eu vos escrevi: O que é permitido durante o namoro? E o que desagrada o Senhor? O beijo é liberado?

Joel: É! “Beija-me com os beijos da sua boca”, “que melhor é o seu amor do que os beijos”. Existe também aquela coisa sexual, aquela coisa exagerada, o que hoje os jovens chamam de amassos, aquela questão do tocar intimamente, isso é algo que você deve deixar para o casamento! Não tem coisa mais prazerosa que conhecer sua esposa só no dia da suas noites de nupcias. Não existe nada melhor. Então, tudo para você é surpresa, tudo para você é o abrir das cortinas. Estou dizendo a minha experiência, claro, existe coisas que de repente aconteceram no pecado, mas como eu já falei, o sangue de Jesus Cristo e Seu Filho nos purifica de todo pecado e agora em Cristo, nós podemos ser uma nova criatura. Não é só no dia que eu me converti, a toda hora depois que eu pedir o sangue do Senhor e tiver um genuíno arrependimento, eu posso ter um novo começo. Agora, o que não é permitido é essa questão como a gente sempre tem visto hoje, esse agarra-agarra, aquela coisa toda, você entendeu né? É melhor que não acorde o Monstro do Lago Ness.

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Eu vos escrevi: Com relação a situações do passado, qual a importância do perdão nesse assunto?

Tem coisa que é melhor você não contar. Um provérbio fala “aquele que traz o assunto a baila separa os melhores amigos”.  Tem coisa que está enterrada e que tem que continuar enterrada. Não tem necessidade de desenterrar! Essa história de “eu vou te contar agora o meu passado negro” é um perigo! Se nós estamos em Cristo agora somos nova criatura! É claro que se seu passado envolve um filho, então você tem que contar. Mas, para que eu vou contar que já andei com aquela, aquela, aquela la e aquela outra? Estou dizendo a minha experiencia. Já vi casais que estavam bem, mas se separaram porque ela veio e disse “olha eu já fiz aquilo, aquilo e aquilo no passado”. O passado se foi e já não lembro mais dele desde que Cristo habita em mim. Então tem coisa que não vale a pena contar. Se você o fizer, você vai criar um vulcão com aquelas sujidades do passado. Será como um vômito.

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Eu vos escrevi: O que fazer quando a decisão final de um namoro é terminar? Qual a melhor maneira?

Vou te dizer uma coisa: é melhor você estar no chão olhando pro avião e dizer “bem que eu poderia estar la”, do que estar nele dizendo “bem que eu podia estar ali no chão”. Então é melhor o problema em terra do que no ar.

No começo eu falei “se não é de Deus queima, se é Teu, vem aumentar”. Quando termina um relacionamento não é fácil, mas você tem que fazer. O que eu vou dizer é uma doutrina, porque eu nunca terminei um relacionamento, não tive esses traumas, essa experiencia. Digo uma coisa, vai caminhando e orando, é melhor dar problema antes que fique mais sério. Houve um problema? Dá uma parada ali e vê o que esta acontecendo, ambos devem ir diante do Senhor. Não devemos brincar com sentimento. Tem gente que quando termina fica debilitada, entra em depressão, fica com a alma machucada, fala o que não devia falar e de repente já fez o que não devia ter feito. Temos de levar isso muito a sério. Machucados do corpo tem remédio, agora machucados da alma demoram a se curar e outros nunca se curam.

Eu vos escrevi: Há algo que falaram pra você na época do namoro e fez diferença para você?

Joel: Não… só falaram que ela cozinhava bem que só… e é verdade!

… CONTINUA NO PRÓXIMO POST …

Uau! Que entrevista maravilhosa! Toda equipe é grata pela receptividade e tom sincero que experimentamos ao ter contato com nosso irmão. Que o Senhor abençoe o relacionamento e os filhos desse casal.

Lembre-se de compartilhar nas redes sociais e deixar seu comentário. Jesus é o Senhor! Próximo sábado tem a parte final. Acompanhe!