Recentemente ouvi uma mensagem que falava sobre a possibilidade dos 144.000 arrebatados, como primícias, de Apocalipse 14:3, representarem, possivelmente, um número literal. Isso me deixou bastante intrigado, pois é um número baixíssimo.

Ponderando a respeito disso, lembrei-me de um livro que li há alguns anos e o peguei novamente, pois ele falava sobre a condição do mundo no final dos tempos e acredito que esse cenário será determinante para reduzir a uma minoria, o grupo de cristãos vencedores, que foram comprados e oferecidos como primícias ao cordeiro. O livro a que estou me referindo é “As Eras Mais Primitivas da Terra” de G. H. Pember. As citações que apresento neste texto foram retiradas desta obra.

Meu objetivo com esse texto não é afirmar que esse número é literal, bem como o irmão não afirmou. No entanto, apresentar algumas passagens que revelam que o Senhor sempre contou com poucas pessoas e trechos do livro que expõem a condição do mundo nos últimos tempos. No final desse texto coloco um link para a mensagem à qual estou me referindo.

Apesar de o Senhor Jesus sempre estar cercado de multidões, apenas 120 estavam reunidos no cenáculo no dia de pentecostes (Atos 1:15); Ele tinha doze discípulos, mas apenas três O viram transfigurado (Mt 17:1,2; Lc 9:32); Mais de 600 mil pessoas saíram do Egito, mas, destas, apenas duas entraram na terra prometida (Ex 12:37; Nm 1:46. 26:51, 32:11-12), ou seja, a geração que saiu do Egito não entrou, mas a que surgiu depois, abaixo de vinte anos, talvez tenha entrado junto com Josué e Calebe. Um outro exemplo é o dos 300 de Gideão: havia uma multidão de mais de 30 mil homens com ele, mas apenas uma minoria compôs o exército que derrotou os midianitas (Jz 7:1-7).

Por qual motivo um número tão pequeno?

Precisamos considerar o que fora introduzido pelo irmão Ezra Ma: que aquilo que detém o Anticristo (2 Ts 2:3-6) é a credibilidade da palavra, pois ela é o que limita o comportamento do homem. Então, à medida que a Bíblia perde a credibilidade, a iniquidade aumenta, o amor esfria e a condição do mundo piora.

Um dos meios que Satanás usou para mitigar a credibilidade da palavra, disseminando mentiras e ideologias foi a imprensa e, de alguns anos para cá, ele tem usado as redes sociais para propagar a cultura maligna, sensual e ostentadora do mundo caído. (Não estou dizendo que as redes sociais não podem ser usadas em sentido contrário, mas pontuando que o inimigo as tem usado para seus propósitos).

“III. Rápido progresso das artes mecânicas e a consequente invenção de muitos artifícios pelos quais as dificuldades da maldição foram mitigadas, e a vida ficou mais fácil e indulgente. Além disso, proficiência nas artes refinadas, que cativaram a mente dos homens e ajudaram a estimular um total esquecimento de Deus” [pág. 223].

O próprio autor fala que não é contra o progresso mecânico, científico, mas o problema está no homem e no seu comportamento para com Deus diante de tal evolução. Logo, sua atitude é de rejeitar o seu Criador, se ensoberbecendo e declarando sua independência, esquecendo de Deus e da Sua palavra.

“Por conseguinte, rejeitam a revelação divina, como autoridade absoluta pelo menos, confiando, ao invés disso, nas trevas que existem dentro delas e que elas denominam de luz.” [pág. 224].

Um conceito que podemos afirmar que é maligno, pois ataca diretamente a autoridade absoluta de Deus e a autenticidade da Bíblia, como verdade absoluta, digna de toda aceitação, é de que a verdade é relativa, ou seja, algo pode ser verdade para determinado indivíduo, mas para outro não.

“…Os poderes do mundo vindouro têm perdido sua influência sobre estas pessoas, e elas são como os outros homens…” [pág. 227].

“Vimos antes que os homens sempre tenderam a suavizar e corromper as partes da Palavra de Deus que se opõem aos seus pensamentos e às suas aspirações. Todavia, uma ideia estranha e ímpia, que prevalece nos dias atuais está destruindo os vestígios finais de autoridade bíblica e varrendo todo obstáculo restante para a paz entre a Igreja e o mundo. Trata-se de uma objeção que cresce com rapidez quanto ao que é chamado dogma (…) dogma é praticamente um termo convencional para designar as revelações e os mandamentos do Deus Altíssimo…” [pág. 229].

Como temos visto nas mensagens do Instituto Vida para Todos sobre as epístolas de 1 e 2 Timóteo, o apóstolo Paulo apresenta as doutrinas estranhas e as ideologias que entraram na igreja à época e deram início a sua degradação e declínio. Essas coisas, infelizmente, contaminam o meio cristão do nosso tempo e têm enganado muitos crentes e é por esse motivo que o Senhor afirmou a necessidade de os dias do tempo do fim serem abreviados (Mt 24:22).

Pember já observava tendências como essas em sua época, no século XIX:

“A infidelidade e a superstição estão começando a ofuscar até mesmo os países mais favorecidos do mundo cristão. Em nosso próprio país, quão grande foi a excitação causada, vinte anos atrás, pela publicação do livro Essays and Reviews (Ensaios e Resenhas). Contudo, este livro, ainda que saudado com tamanho deleite pelas pessoas que não estavam dispostas a submeter-se à revelação divina, agora tem sido varrido da memória pela correnteza literária infiel mais ousada, continuamente publicada pela imprensa. Quão poucos jornais, revistas e periódicos escaparam da contaminação!” [pág. 233].

Cada ponto desse tem contribuído para remover o crédito da palavra e levará o mundo a esquecer a Bíblia. Não que ela desaparecerá completamente, mas não terá mais destaque. Talvez, será encontrada empoeirada numa prateleira escura, no canto mais solitário de uma livraria e o seu valor (não preço), será semelhante à de um livro de ficção qualquer, talvez em bairros inteiros, se procurar de casa em casa ninguém terá um exemplar sequer.

Nesse cenário, não há dúvida de que o mundo estará em sua “hora mais escura”, e a qualquer momento a voz ecoará: “Eis o noivo, saí ao Seu encontro” (Mt 25:6) e a minoria que amava sua vinda (2 Tm 4:8) e tinha levado consigo a porção extra de azeite (Mt 25:7-10), pois estava vigilante (Mt 24:42, 44, 25:13; Mc 13:33; Lc 12:40; 1 Co 16:13; 1 Pe 4:7) e num estado adequado, entrará ao Seu encontro (1 Tm 4:6-16; 6:11-16, 20-21).


Esse texto foi inspirado na mensagem “A Noiva e o Exército“, ministrada por Pedro Dong.