Martinho Lutero – este é o herói da fé a respeito do qual este texto da Série Reformadores irá tratar.
Infância de Martinho Lutero
Nascido em Eisleben, Alemanha, em 1483, desde criança Lutero recebeu ensinamentos cristãos dos pais. Quando tinha idade suficiente para compreender, foi ensinado a orar todas as noites de joelhos ao lado de seu pai, oportunidade em que este intercedia pela vida do filho.
Vida Escolar e Acadêmica
Martinho Lutero estudou em um dos principais centros acadêmicos do país, quando sua família ainda tinha poucos recursos. Para se alimentar, pedia como esmola restos de comidas de casas ricas. A proprietária de certa casa, impressionada com as orações de Lutero, resolveu tornar-se sua tutora, fornecendo-lhe abrigo e recursos financeiros para terminar os estudos.
Aos 18 anos ingressou na faculdade de Erfurt, centro intelectual da época; um ano e meio depois, tornou-se bacharel em filosofia e aos 21 anos, doutor em filosofia.
Sem os estudos, Lutero nunca teria se tornado expert em línguas tais como grego, hebraico e latim, o que lhe permitiu ter contato inicial com a Bíblia e depois traduzi-la para o alemão.
Martinho Lutero, a Bíblia e o Monastério
Lutero despertou para a importância de uma vida genuína com Deus quando teve seu primeiro contato com a Bíblia, uma versão incompleta em latim, numa biblioteca de Erfurt.
Como monge, fazia de tudo dentro do convento, inclusive serviços mais humildes (porteiro, coveiro, varredor).
Martinho Lutero teve uma nova experiência forte com Deus ao encontrar uma versão da Bíblia completa em um monastério agostiniano. Nesse tempo os manuscritos da Bíblia eram tão raros que o “sonho de consumo” de Lutero era ter sua própria Bíblia (desejo que se realizou algum tempo depois).
No monastério, em pouco tempo, tornou-se bacharel em teologia e prosseguiu com os estudos até se tornar doutor em teologia. Sua experiência com Deus era tão viva que após discursar em uma convenção da ordem agostiniana, foi reconhecido como alguém com brilhante futuro.
Uma Experiência Negativa em Relação às Penitências
Depois de ordenado padre, visitou Roma, onde viu o mercado de indulgências e a corrupção dos clérigos. Nessa viagem, teve uma experiência clarificante: estava subindo os degraus da Santa Sé de joelhos para receber indulgência do Papa, quando se lembrou de que “o justo viverá por fé”. Levantou-se envergonhado, sem terminar a tarefa, pois, em razão da sua leitura bíblica, sabia que o perdão dos pecados era recebido pela fé e concedido por Deus, e não por meio de penitências ou indulgências.
As 95 Teses e o Início da Reforma
Como padre, Martinho Lutero foi viver em Wittenberg. Ali pregava seus pensamentos de forma aberta. Era hábito promover debates com a população a respeito de assuntos bíblicos. Os temas que seriam debatidos eram afixados na porta do Castelo de Wittenberg para que todos os conhecessem previamente.
Certa manhã, para um dos debates, afixou 95 teses, com objetivo de discutir sobre a ineficácia das penitências e indulgências para perdão dos pecados. Estas foram recebidas como afronta ao sistema católico vigente.
Rapidamente as teses foram traduzidas para alemão, holandês e espanhol. Em menos de um mês já estavam em Roma. Esse ato deu início à Reforma Protestante.
Denunciado por heresia, recusou-se a se retratar, mesmo diante ao pedido do Papa. Como resultado, foi excomungado. Naquele tempo, primeiro era enviado um aviso a respeito da excomunhão; depois a pessoa era morta numa fogueira e seus escritos também eram queimados.
Martinho Lutero Traduz a Bíblia para Alemão
Antes, porém, que o dia da excomunhão chegasse, foi raptado em Wittenberg numa trama armada pelo príncipe da Saxônia para salvar-lhe a vida. Recluso no castelo de Wartburg, Lutero, erudito em grego e hebraico, investiu seu tempo em escrever livros e traduzir a Bíblia dos idiomas originais para o alemão. Ainda hoje, a tradução da Bíblia de Lutero é considerada como a principal na língua alemã.
Sua versão da Bíblia foi a primeira a se beneficiar da imprensa e ter larga distribuição dentro da Alemanha. Como tradutor da Bíblia, Lutero poderia ter exigido participação nos lucros, no entanto, não o fez, deixando todo o valor para os tipógrafos. Com essa atitude, ele deixava evidente que seu sentimento era que as pessoas tivessem acesso às Escrituras Sagradas sem segundas intenções.
O casamento de Martinho Lutero com Catarina von Bora
Pouco tempo depois, Lutero deixou a vida monástica completamente, inclusive os votos de castidade, para casar-se com Catarina von Bora, ex-freira que havia estudado seus escritos e entendido que não era por meio da clausura em um convento que obteria o perdão dos pecados.
Catarina era uma mulher virtuosa e companheira, responsável pela administração financeira da casa e até por negociar com editores a publicação dos livros de Lutero.
Família, Viver Cristão, Inovações e Vida Pessoal
Nessa fase, Martinho Lutero praticava o viver cristão de forma inovadora. Em família, promovia cultos domésticos e com a igreja, começou a prática do canto congregacional, em que todos os presentes cantam juntos. Compilou o primeiro hinário e escreveu diversos hinos que se tornaram clássicos cristãos, como “Castelo Forte” (H-416, do Hinário da Editora Árvore da Vida).
Nessa fase da vida adulta, Lutero tinha costume de orar pela manhã ao menos por duas horas. Ele dizia que, se não investisse esse tempo, Satanás ganharia vitória sobre ele durante o dia.
Morte de Martinho Lutero
Lutero faleceu em razão de ataque do coração em sua cidade natal.
Até sua morte, Deus lhe foi fiel. Ele transformou a era por meio de seu contato genuíno com o Espírito de Deus e com as Escrituras. E você? Quais grandes transformações sua vida causará neste século? Ande na presença de Deus e, assim como Lutero, mude a era!
Texto inspirado no livro “Heróis da Fé”, de Orlando Boyer.