No início da Primeira Carta aos Tessalonicenses, Paulo diz que seus destinatários haviam se tornado imitadores de Cristo:

Paulo, Silvano e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo, graça e paz a vós outros.

Damos, sempre, graças a Deus por todos vós, mencionando-vos em nossas orações e, sem cessar, recordando-nos, diante do nosso Deus e Pai, da operosidade da vossa fé, da abnegação do vosso amor e da firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo, reconhecendo, irmãos, amados de Deus, a vossa eleição, porque o nosso evangelho não chegou até vós tão somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção, assim como sabeis ter sido o nosso procedimento entre vós e por amor de vós.

Com efeito, vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, tendo recebido a palavra, posto que em meio de muita tribulação, com alegria do Espírito Santo, de sorte que vos tornastes o modelo para todos os crentes na Macedônia e na Acaia.

(1 Ts 1:1‭-‬7). 

Os tessalonicenses foram descritos como imitadores de Deus e de Paulo e seus companheiros. Também é dito que eles eram modelo para outras igrejas. Assim, outros poderiam imitá-los e, assim, viver segundo a vontade de Deus.

Entre as características notáveis dos tessalonicenses estavam “operosidade da vossa fé, abnegação do vosso amor” e “firmeza da vossa esperança”.

E este não é o único lugar na Bíblia em que Paulo fala sobre imitarmos Cristo. Na primeira epístola aos Coríntios, ele orienta os irmãos:

Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo.

(1 Co 11:1).

Certamente, temos muito que aprender com esses exemplos, a fim de que também sejamos imitadores de Cristo e levemos outros a imitá-Lo.

Ensinando a guardar o que Jesus nos ordenou

Em Mateus 28:19-20, o Senhor Jesus ordena anunciar o evangelho e ensinar pessoas de todas as nações a guardar tudo o que o Senhor ensinou. Era uma ordem para fazer discípulos de Cristo, ou seja, seguidores Dele.

É comum ouvir que “a melhor maneira de ensinar é pelo exemplo”. Se os pais de uma criança dizem para ela que deve se comportar de determinada maneira, mas praticam o oposto, dificilmente ela aprenderá o correto e terá vontade de obedecer. 

Outra boa forma de ensinar algo é fazer junto. Pense, por exemplo, em alguma habilidade, como tocar um instrumento musical ou falar um idioma estrangeiro. Ter alguém mais experiente fazendo junto enquanto apresenta a teoria e os exercícios facilita muito o aprendizado.

Mais que ensinamentos, seguimos uma pessoa: Jesus. Convivemos e nos tornamos parecidos com Ele. Dessa forma, outras pessoas podem aprender Dele por meio de nós.

Este é o sentido de imitar. Não é simplesmente copiar, mas receber aquele exemplo, aprendê-lo de fato e, assim, incorporá-lo.

Uma palavra visível nas vidas dos imitadores de Cristo

Paulo disse que o evangelho que tinha pregado não havia chegado aos tessalonicenses apenas em palavra, mas em poder, no Espírito Santo. Para isso, certamente, a vida de Paulo foi importante. Seu exemplo de amor, dedicação e perseverança em Cristo correspondia às palavras que anunciava. Ele era alguém que amava ao Senhor e considerou tudo o mais como perda por causa Dele (Fp 3:8). Assim, não era simplesmente uma transmissão de informações. Mas de vivência. 

Paulo imitava Cristo. Os tessalonicenses passaram a imitar Paulo. Depois, se tornaram modelo para os irmãos da Macedônia e Acaia. Este é um ciclo de vida, o qual devemos transmitir. 

Hoje, os influenciadores digitais são muito valorizados. São recursos importantes para formar opiniões, engajar pessoas em uma determinada causa ou vender um produto. Não podemos ignorar essa realidade e meramente receber tais influências de maneira passiva. Devemos ser cuidadosos com as informações que consumimos, considerando-as sob a luz da Palavra de Deus.

Por outro lado, é notável que a Bíblia também dá importância à capacidade de influenciar pessoas. Ela nos chama a sermos influenciadores ativos do evangelho. Paulo orientou o jovem Timóteo a ser modelo dos fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza. E o fato de ele ser jovem não deveria ser um impeditivo para isso (1 Tm 4:12). 

O aprendizado constante por meio da vida em comunidade

A igreja é um lugar de aprendizado mútuo. Uma família que aprende de Cristo e é aperfeiçoada de maneira coletiva. Isolados não vivemos tudo aquilo que o Senhor deseja realizar em nós (Ef 4:11-13). Um ambiente de vivência do evangelho em comunidade ensina muito aos seus membros. Aprendemos por meio da manifestação do Senhor na vida de cada irmão. E amadurecemos pela convivência com pessoas diferentes de nós. Essa é a riqueza do Corpo. Há membros variados, e todos são importantes (1 Co 12:12-22)! E isso transborda para além deles, alcançando pessoas de fora. 

Sendo imitadores de Cristo em nossos círculos de convivência

As pessoas de nossos círculos de convivência precisam ver Cristo em nós. Temos que avaliar: temos sido imitadores do Senhor em todas as áreas de nossas vidas? Nas coisas que mostramos ser mais importante para nós; em nossos relacionamentos; na maneira como estudamos e trabalhamos; na maneira como reagimos a acontecimentos desagradáveis desta vida, nossas vidas transmite a mensagem de Cristo? Ou será que, por nosso exemplo, deixamos pessoas confusas a respeito de Cristo?

A fé dos tessalonicenses se tornou conhecida. Pessoas de outras cidades falavam sobre eles. Comentavam sobre como eles deixaram seus ídolos para servir o Senhor (1 Ts 1:8-9). E quanto a nós? Outros podem ver em nós vidas de pessoas que têm o Senhor como tesouro e vivem para Ele? Ou veem vidas que entesouram outras coisas e servem a elas?

Contemplar, conviver e influenciar

Precisamos sempre gastar tempo dedicados à contemplação do Senhor. Para isso fomos feitos. Assim o conheceremos, teremos uma união mais forte com Ele e o refletiremos (2 Co 3:18). É preciso que valorizemos também a convivência com pessoas que nos manifestam o Senhor, para que aprendamos com elas. E, por fim, é necessário que aproveitemos as oportunidades para influenciar pessoas com a vida de Cristo. Agradeçamos a Deus por nossos círculos de convivência. Peçamos também que Ele nos dê novos, a fim de que, diariamente o manifestemos, comunicando Cristo e trazendo glória para Ele.


Texto baseado nas mensagens da Conferência Internacional de Setembro de 2020, com o tema “Deus nos chama para seu reino e glória”. As mensagens podem ser assistidas neste link.