“O homem, nascido de mulher, vive breve tempo, cheio de inquietação.
Nasce como a flor e murcha; foge como a sombra e não permanece;”

(Jó 14:1-2).

Recentemente ao preencher uma ficha percebi que estou com 26 anos. Dez anos atrás eu entrava na faculdade; não digo cheia de sonhos, mas sim cheia de preocupações: entrar logo, começar a trabalhar, me formar, construir minha carreira… Me imaginava cheia de louros aos 26 (graduada, num emprego com salário excepcional, viajando pelo mundo, etc). Me formei, e a vida deu voltas, por isso devo me sentir fracassada?

Entrar na faculdade cedo foi um fardo para mim. Ter concluído o ensino médio aos 16 foi um preço alto que paguei e queria fazer valer a pena. Aos meus olhos ingênuos isso significava começar cedo uma carreira promissora. Não só por que não poderia decepcionar a sociedade mas também minha mãe, que abrira mão da própria carreira para cuidar dos filhos. Naquela época achava que meus anos caros tirados da juventude deveriam me render anos excepcionais da vida adulta.

No frenesi da juventude me tornei escrava dos sonhos que comprei: inúmeras listas com os “100 livros que você deve ler antes de morrer”, “150 lugares para visitar antes de bater as botas”, e por aí vão, mil coisas para viver e experimentar.

“Comamos e bebamos porque amanhã morreremos” (1 Co 15:32) nunca foi o meu lema, mas me sentia, sim, obrigada a satisfazer o check list da vida bem sucedida.

Como cristã, me submetia a tudo isso? Sem dúvida. Ser bem sucedida para mim significava dar bom testemunho do meu Deus que me abençoa.

“A gente gasta a vida trabalhando, se esforçando e afinal que vantagem leva em tudo isso?” (Ec 1: 3 NTLH).

Querido leitor, o homem passa como uma sombra e em vão se inquieta, amontoa tesouros (Sl 39:6) mas ao final que nos restará? E se hoje o Senhor pedir sua alma? As pessoas, não duvide, dirão: “Que pena, ela queria tanto ter feito aquela viagem que sonhava”, “Tinha acabado de comprar o carro e nem aproveitou”, “Tinha tantos planos pela frente”, “Ainda tinha acabado de entrar no emprego dos sonhos”, “nem aproveitou a vida”. Mas porque isso deveria ser relevante? E mais ainda, o que é aproveitar a vida?

Amigo, não queira satisfazer a sociedade, sua comunidade de fé ou seus pais. Tomar o Senhor em primeiro lugar na nossa vida nos custa muitas vezes deixar de fazer coisas que “nos levam mais longe”. Atrasa, ou mesmo muda, nossos planos e os planos do mundo para nós.

Com tudo isso desejo falar que não importa o momento da vida que você está vivendo, se apaixonar pelo Senhor é sempre ter tempo na sua agenda para Ele. Pode ser que atrase  seus planos, sua carreira deslizará talvez mais devagar do que a de seus colegas que têm todo o tempo do mundo, mas o meu e o seu tempo não são do mundo. Você é eterno, é imortal. Te fizeram acreditar que a vida é curta.

– Corra! Corra! Não vai dar tempo! – dizem as pessoas.

Você é imortal! ETERNO! – diz o SENHOR.

Aos 26 anos não alcancei os sonhos que havia traçado para os 20. Mas já não me importa. Isso não é meu fracasso. Venci com Cristo tantas batalhas, e por isso hoje sou grata ao Senhor por conhecê-Lo e experimentar cada dia mais Sua presença. Não deixei os meus sonhos, mas entreguei o tempo ao Senhor. Quanto aos sonhos que não tiver tempo para realizar na fase 1, ok, tenho vários para eternidade!

Amado leitor, é só isso que importa! Cumprir a vontade do meu Senhor e Salvador, Pai, Amigo e Criador, porque ela é boa perfeita e agradável, mesmo que muitas vezes me custe aceitar.