Amor e serviço são marcas da maturidade espiritual. Essa é uma frase que poderia resumir o que foi falado na última mensagem do Estufa 2021¹, que teve por título “Até que todos cheguemos” e foi pregada pelo ministro da palavra Marco Mello. Um tema profundo, tratando de assuntos cruciais e muito pertinentes no período em que vivemos. Falaremos desses tópicos a seguir.
De início, apresentou-se o egoísmo como característica de indivíduos imaturos. Assim, a decorrência lógica é que, à medida que aprendemos a olhar e nos importar com o próximo, demonstramos estar galgando os degraus da maturidade. A pessoa madura é altruísta.
Como exemplo, pensemos no egoísmo presente no matrimônio: por que ultimamente o número de divórcios é tão grande? Porque as pessoas, infelizmente, entre outras coisas, veem o casamento como um meio de obter felicidade própria, e não de promover a felicidade do outro; enxergam-no como oportunidade de satisfazer desejos pessoais e prazeres próprios, não como o ambiente relacional, por excelência, de doação e entrega. Observa-se então o cumprimento da palavra de 2 Timóteo de que, nos últimos tempos, os dias seriam difíceis e as pessoas amariam mais a si mesmas, mais o dinheiro e mais os prazeres do que a Deus (3:1-4).
“O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor” (1 Co 13:4-5 NVI. Grifo nosso).
Na continuação desse trecho, o apóstolo Paulo afirma que antes pensava, sentia e falava como menino (v. 11), fazendo-nos inferir que o caminho do amor é o caminho da maturidade. Mais uma vez, vemos que o verdadeiro amor é altruísta, é sacrificial. Em outra versão, no verso cinco é dito que o amor não é grosseiro, não exige que as coisas sejam feitas à sua maneira, não é irritável nem rancoroso (NVT). É-nos apresentado como andar na contramão do egoísmo, que se faz tão presente em nossos tempos.
Além disso, a palavra orienta os cristãos a entender quem realmente são: um corpo, sendo todos membros uns dos outros. Dessa forma, se um membro sofre, todos sofrem com ele (1 Co 12:26-27). A unidade nos leva a um nível mais elevado de compreensão sobre os interesses do próximo. Também lemos: “cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros” (v. 25). Essa verdade incrível, que diz respeito à necessidade imediata de nos negarmos, revela o plano maravilhoso de aperfeiçoamento e de transformação de Deus para cada um de nós.
Diante dessa base, surge-nos o questionamento sobre qual é a real necessidade do corpo. Evidentemente, há muitas; mas, nessa mensagem do Estufa, tratamos especialmente de buscar os perdidos e levar-lhes o sublime conhecimento de Jesus Cristo, um conhecimento ainda mais aprofundado do que aquele que eventualmente tenham adquirido até então.
Às vezes, porém, quando nos percebemos diante da necessidade de tomar uma atitude para suprir essa situação, surge um sentimento de desânimo, recordando-nos de que não sabemos cuidar das pessoas, de jovens e de adolescentes que não mais buscam o Senhor. Porém a verdade é que não precisamos de profissionais. Basta-nos buscar o sentimento de que somos um corpo e de que há pessoas que estão sofrendo sem a vida que Cristo oferece. Elas estão distantes da comunhão com o Pai. Se elas estão sofrendo, isso deve nos comover, nos incomodar e ser motivo para nos mover em sua direção, ainda que não nos consideremos hábeis nesse tipo de cuidado. A graça de Deus nos capacitará à medida que nos dispormos.
Aí está algo que vai contra qualquer lei da física: quando levamos as cargas uns dos outros, conforme as Escrituras nos orientam (Gl 6:2), quando aproveitamos as pequenas e simples oportunidades do dia a dia para orar pelas pessoas, seja por meio de uma ligação, seja convidando-as para um lanche ou até mesmo apenas parando para ouvi-las, nós aliviamos suas cargas, e o Senhor ou alivia as nossas, ou nos fortalece para darmos conta de ambas as cargas.
Para além disso, a palavra nos encoraja a sermos longânimos uns com os outros. A longanimidade é uma paciência ainda mais aprofundada. Quando encontrarmos dificuldade ao exercê-la, lembremo-nos do próprio Senhor e das muitas vezes em que Ele espera pelo nosso amadurecimento, espera que tomemos a decisão correta, aguardando nossa entrega e devoção para nos encontrarmos com Ele todos os dias. Sigamos o exemplo do Mestre, que é bondoso e sempre longânimo.
O incentivo também é que busquemos cuidar das pessoas diariamente, no tempo que tivermos à disposição. “Animem uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama ‘hoje’, a fim de que nenhum de vocês seja endurecido pelo engano do pecado” (Hb 3:13 NAA). Aliás, uma curiosidade especial é que, no Novo Testamento, as expressões “uns aos outros”, “reciprocamente” e “mutuamente” repetem-se dezenas e dezenas de vezes, porque nos ensinam especialmente sobre relacionamentos e sobre como cumprirmos o segundo mandamento mais importante, que é amar o próximo como a nós mesmos. Segue mais um exemplo:
“Sirvam uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como encarregados de administrar bem a multiforme graça de Deus” (1 Pe 4:10).
Todos nós recebemos dons, portanto podemos e devemos servir uns aos outros com o que recebemos, inclusive temos necessidade uns dos outros. Num exemplo prático, se um irmão tem o dom de cantar músicas ao Senhor e ministrar essa música aos ouvintes numa comunidade grande, ele precisará de um irmão que saiba operar os aparelhos de som. Por sua vez, o irmão que cuida dos aparelhos e das caixas de som atua naquele ministério com a finalidade de servir aos outros irmãos do ministério de louvor.
Enfim, todos nós precisamos de ajuda, nos ministérios, na igreja, no dia a dia. Precisamos de alguém para ouvir nossas vitórias e decepções, nossas dúvidas e inquietações e para nos auxiliar conforme as Escrituras. Peçamos ajuda, mas também ajudemos e nos importemos com os demais membros do Corpo, pois assim como temos essas necessidades e interesses, outros também as têm. E a graça de Cristo nos suprirá em todos os momentos.
Para acessar essa e outras palestras ministradas no Estufa 2021, acesse o canal do Projeto Huios.
[1] Estufa é um evento para jovens e adolescentes cristãos que acontece em uma das microrregiões do Distrito Federal. Abrangendo inicialmente sete igrejas locais (mas que alcançou outras regiões em virtude de transmissão on-line), busca promover, por meio de mensagens e outras atividades, o evangelho e o aperfeiçoamento na jornada cristã. A edição de 2021, que ocorreu entre os dias 23 e 29 de agosto, contou com palestras via zoom, com um evento de louvor e também com mensagens que, além de transmitidas ao vivo pelo YouTube, ocorreram presencialmente (seguindo os devidos protocolos de saúde).