Temos enfrentado dias de grandes dificuldades, tentações e incertezas. É necessário, portanto, que aprendamos a lidar com situações dolorosas de modo adequado, segundo os ensinamentos de Deus em Sua Palavra. 

Cada pessoa tem suas próprias histórias de lutas, assim como diversas dificuldades e ideias ao lidar com elas. Porém, a grande questão é: onde buscaremos a solução para as adversidades? 

Há momentos em que estamos fervorosos e encorajados e nada nos abala, pois vivenciamos circunstâncias de tranquilidade, nas quais podemos afirmar com segurança que descansamos em Cristo. Mas e quando não estamos em momentos de paz? 

Muitas vezes, nos sentimos mal e não atentamos para o ensino da Palavra de Deus. Deixamos coisas desta vida tomarem Seu lugar, suprindo-nos superficialmente; logo depois, a tristeza retorna.  

A solução para muitas dificuldades é uma: Cristo. Em Sua Palavra, a Bíblia, encontramos respostas a várias dificuldades que experimentamos. 

O cristão sofre?

Às vezes achamos que um cristão não deveria sentir fraquezas diante de sofrimentos. Não é verdade! Veja, por exemplo, Paulo em 2 Coríntios 1:8. Falando de si e de seus companheiros de viagem, o grande apóstolo relatou terem sofrido uma tribulação que foi “acima das nossas forças, a ponto de desesperarmos até da própria vida”. Mas Paulo também podia dizer que, embora os sofrimentos fossem intensos, a consolação de Cristo transbordava (v. 5), e que o próprio Cristo estava com eles, confortando-os a ponto de poderem consolar outros (v. 4).

Em 2 Coríntios 4, Paulo disse coisas que podem soar contraditórias: 

“Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos” (2 Co 4:8,9).

Atribulados, mas não angustiados. Perplexos, porém não desanimados. Abatidos, porém não destruídos. Mais uma vez, Paulo mostra suas fraquezas humanas. Sentia-se abatido, perplexo e atribulado. Mas como ele poderia reagir da forma descrita em face a essas situações?

Ele percebia que era um frágil vaso de barro, mas que carregava consigo um tesouro preciosíssimo. Era fraco, mas o poder de Deus atuava nele (2 Co 4:7).

A Bíblia nos aponta o grande poder de Deus, que está presente mesmo em meio à nossa fraqueza, ainda que muitas vezes não o enxerguemos de maneira clara. A Bíblia não deixa de reconhecer que é normal sofrer e nos encontrarmos em aflições. Não devemos considerar esses sentimentos inapropriados em si, mas buscar em Cristo a força e a sabedoria para lidar com eles. Assim como Paulo, ao mesmo tempo que experimentarmos a angústia, poderemos vivenciar a consolação de Cristo.

Ser sincero com Deus

No Antigo Testamento, podemos encontrar grandes relatos de sofrimentos. Tome, como exemplo, os Salmos. Eles nos ensinam enormemente a apresentar nossas inquietações a Deus, sendo sinceros sobre o que estamos pensando e sentindo, ainda que isso diga respeito ao próprio Deus.

O Salmo 13 é um exemplo:

“Até quando, Senhor, te esquecerás de mim? Será para sempre?

Até quando esconderás de mim o teu rosto?

Até quando terei de lutar com a angústia em minha alma, com a tristeza em meu coração a cada dia?

Até quando meu inimigo terá vantagem sobre mim?

Volta-te e responde-me, Senhor, meu Deus!

Restaura o brilho de meus olhos, ou morrerei.

Não permitas que meus inimigos digam: “Nós o derrotamos!”;

não deixes que se alegrem com meu tropeço.

Eu, porém, confio em teu amor;

por teu livramento me alegrarei.

Cantarei ao Senhor, porque ele é bom para mim.” (NVT)

O salmista começa indagando se o Senhor havia se esquecido dele e pergunta até quando seu sofrimento duraria. Ele expôs sua angústia e clamou pela resposta de Deus.

Quando estamos em sofrimentos, angústias e dificuldades, precisamos ir à presença de Deus, expondo-Lhe, de maneira sincera, nossos pensamentos e sentimentos. Pedimos a Deus que os organize e nos dê o devido direcionamento. 

Contudo, o essencial é adorarmos o Senhor e nos achegarmos a Ele. Fomos criados para isso (Ef 1:6). O Salmo 13, que é introduzido com lamentos angustiosos, é concluído enaltecendo o nome do Senhor e depositando Nele a esperança. Assim também, em tais momentos, precisamos dar glória ao Senhor por Sua pessoa e Sua obra. Precisamos colocar toda a nossa esperança Nele, não em pessoas ou coisas materiais.

Já no Novo Testamento, temos algo ainda mais encorajador em que nos apoiar: Deus se fez ser humano em Jesus, o “homem de dores” que suportou sofrimentos como os nossos e se compadece de nós (Hb 4:15).  

Cristo, o “homem de dores” conhece e se importa com nossos sofrimentos

Isaías 53:3 diz:

“Foi desprezado e rejeitado, homem de dores, que conhece o sofrimento mais profundo. Demos as costas para ele e desviamos o olhar; ele foi desprezado, e não nos importamos” (NVT). 

Esse texto relata os grandes sofrimentos que Jesus experimentaria com o objetivo de nos salvar. O versículo 3  O chama de “homem de dores, que conhece o sofrimento mais profundo.”

Ninguém nessa terra sofreu mais que o Senhor. O sofrimento de carregar sobre si os pecados do mundo inteiro e de receber a condenação por eles foi suportado apenas por Cristo. No versículo 4, lemos que ele tomou sobre Si as nossas enfermidades e as nossas dores. Assim, devemos lançar sobre Ele nossas ansiedades (1 Pe 5:7).

Propósito nos sofrimentos

Em João 11, vemos o relato da ressurreição de Lázaro. Essa história nos ensina algumas coisas sobre lidar com o sofrimento. Jesus recebeu o recado de que Lázaro estava doente, mas ainda assim permaneceu dois dias no lugar onde estava. Quando chegou à cidade de Betânia, onde Lázaro morava, este já havia falecido há quatro dias. Marta, irmã de Lázaro, disse: “Se o Senhor estivesse aqui, meu irmão não teria morrido” (v. 21). 

Jesus se importava muito com aquela família (Lázaro e suas irmãs, Marta e Maria). É dito que Ele os amava (vs. 3, 5). Quanto Jesus se comoveu e chorou, as pessoas que estavam por perto disseram: “Vejam como ele o amava!” (vs. 35 e 36).

Por que, então, Jesus não fora antes? Antes de ir à cidade de Betânia, Ele havia dito a seus discípulos:

“Esta enfermidade não é para morte, e sim para a glória de Deus, a fim de que o Filho de Deus seja por ela glorificado (…) E, por causa de vocês, eu me alegro por não ter estado lá, pois agora vocês vão crer de fato.” (vs. 4, 15).

Ou seja, havia um propósito na demora do Senhor. E ainda que a família tivesse sofrido aqueles dias, o final foi positivo, Lázaro ressuscitou, um testemunho foi dado, o nome do Senhor foi glorificado, e eles se alegraram em Deus.

Podemos não entender por que certas coisas nos acontecem, mas precisamos nos lembrar: não enxergamos o final de toda a história. Deus se move de forma misteriosa para cumprir seus propósitos. 

A Palavra nos ensina que “nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação” (2 Co 4:17) – ou seja, algo é produzido por meio das adversidades – e, por isso, devemos prosseguir “não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas” (v. 18). Não fomos deixados ao acaso: há um Deus soberano no trono, e Ele está cuidando dos seus.

Precisamos permanecer fiéis àquele que se compadece de nós. Sabemos que, no fim, haverá a ressurreição e os males do mundo terminarão. Essa é nossa esperança. E, pela fé, estaremos com o Senhor para sempre, onde não haverá choro nem dor (Ap 21:4).

Diante de todo sofrimento há um homem de dores que se compadece de nós e nos dá forças para continuar. Não deixe de apresentar a Ele seus anseios, tormentas, tristezas e aflições. Louve-O e adore-O como o Consolador, sem deixar que as confusões do mundo enganem você. 

Precisamos lembrar-nos de que Cristo é quem nos deu vida através de Sua morte e de Sua ressurreição. Ele percorreu um caminho de sofrimentos, foi adiante a fim de nos conduzir à glória (Hb 2:10, 5:8,9). Ele é rica provisão para todos os que O invocam (Rm 10:12)!

Colaboração enviada por Cainã Cassiano.


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