“Assim como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus!” (Salmos 42:1)

Ser cativado pela beleza de Deus é como sentir uma suave brisa de amor, uma sensação maravilhosa! Quando observamos tudo o que Ele fez por nós e contemplamos seu poder e sua grandiosidade, podemos adorá-Lo com mais profundidade, como se suspirássemos pela presença Dele (Salmos 42:1).

O texto que escrevo se refere a um de meus hinos favoritos e, sem dúvida alguma, sua melodia e letra trazem conforto inigualável. Ouça abaixo a versão original, em inglês, e também a versão traduzida pela Editora Árvore da Vida:

Original:

Traduzida:

O meu amado fala e me diz: Levanta-te, meu amor, formosa minha, e vem. O meu amado é meu, e eu sou dele; ele apascenta o seu rebanho entre os lírios” (Cânticos 2:10,16).

Quando um hino se mistura à história e ao testemunho de seu autor, a profundidade e o sentimento gerados por cada palavra carregam peso e força especiais. É isso que acontece com o hino I Cannot Breathe Enough of Thee, ou, como nós conhecemos: Suave Brisa.  O hino foi escrito por William Spencer Walton, nascido em janeiro de 1850, em Londres, e musicado por Lewis S. Chafer, que nasceu em uma família cristã e formou-se em música na Faculdade e Conservatório de Música de Oberlin, nos EUA. A jornada cristã de William Spencer Walton começa com uma conversão dinâmica e com a subsequente imersão na atividade evangelística. Ele respirava o Senhor como uma “suave brisa de amor”, assim aprendeu a manter sua comunhão íntima com o Senhor.

A primeira grande tristeza da vida de Walton ocorreu quando ele tinha apenas 15 anos de idade. Sua saúde era debilitada e por isso, toda vez que esfriava em Londres, precisava viajar para lugares mais quentes. Em certa ocasião, ao partir para uma longa viagem por causa da sua saúde, seu pai, com 40 anos de idade, morreu. A notícia foi recebida com dificuldade, pois só chegou a ele muito tempo depois, na distante Austrália. Longe de sua casa, ele estava sozinho, doente e sem o pai.

Dedicando sua vida para servir a Deus, Walton cria que não havia sido chamado para ficar “confinado” em um ramo da Igreja de Cristo, mas que deveria servi-Lo de uma forma aberta, em um trabalho missionário não-denominacional. Testemunhos de seu trabalho evangelístico dizem que sua obra era marcada por duas práticas: Seu intenso amor pela Palavra de Deus, e seu incessante hábito de orar. Aprendendo a depender totalmente do Senhor, no final do ano de 1884, ele escreveu: “Eu não quero ver o futuro, mas o Senhor irá…prover… Oh! Que descanso perfeito!”.

Walton percebeu que ele não foi “apenas separado para o trabalho… mas separado para Ele”. E isto regeu toda a sua carreira cristã. Anos depois, ele foi enviado à África onde permaneceu entre 1888 e 1904, e onde recebeu de Deus a incumbência de ir pregar Sua Palavra junto com Andrew Murray e outros irmãos.

Casou-se pela primeira vez em 1889 e, em seguida, um ano e meio de casamento, ganhou seu primeiro filho. Porém, teve de suportar a dor de perder a esposa apenas duas semanas após o nascimento da criança. Procurando conforto em Cristo, Walton provou o Senhor como seu “Salvador, Mestre, Amigo”. Em seu luto, determinado a conhecer o Senhor mais profundamente, ele escreveu:

“Eu nunca poderei trilhar Seus caminhos, seja
Pelas nuvens, pela tempestade, pela calmaria.
Mas isto eu sei; mesmo que hajam feridas,
Eu sempre terei Seu bálsamo”.
Depois de anos suportando dificuldades na África do Sul, Walton descreve o cuidar fiel do Senhor como:
Ele tem sido o nosso Guia, nosso Caminho, o nosso Protetor, nossa Provisão, Ele tem sido o nosso Tudo em cada passo do caminho …. Temos tirado Dele doces suprimentos, que tem superabundado“.

Em 22 de agosto de 1906, no meio de suas viagens missionárias após retornar da África, Walton desenvolveu uma infecção abdominal que lhe causara risco de morte. Quatro dias depois, a Sra Walton (sua segunda esposa), ciente da gravidade da situação do marido, sentiu que deveria dizer-lhe que ele iria morrer em breve. Da riqueza e profundidade de alguém que permaneceu em Cristo, ele respondeu: “Ele sabe! Estou pronto. Eu estou pronto há trinta e quatro anos. Bendito seja o Seu nome!”. No seu leito de morte, Walton declarou que toda a sua vida cristã foi “graça sobre graça o tempo todo; mercê do primeiro ao último dia”.

Cativado pela beleza de Deus, William Spencer Walton só pôde descrever por meio de metáforas o êxtase intrínseco compartilhado com o seu Senhor em momentos de comunhão. Ele experimentava Deus como uma “Suave Brisa de Amor”, o “Mais justo dos Justos”, e o Único com “O nome mais doce na terra”, Aquele que sussurra: “Tudo está bem”.  A seguir dispomos a letra original, a tradução livre em português e a versão do Hinário da Editora Árvore da Vida, nº. 84:

I Cannot Breath Enough of Thee

1. I cannot breathe enough of Thee,

O gentle breeze of love;

More fragrant than the myrtle tree

The Henna-flower is to me,

The Balm of Heaven above.

 

2. I cannot gaze enough on Thee,

Thou Fairest of the Fair;

My heart is filled with ecstasy,

As in Thy face of radiancy

I see such beauty there.

 

3. I cannot yield enough to Thee,

My Savior, Master, Friend;

I do not wish to go out free,

But ever, always, willingly,

To serve Thee to the end.

 

4. I cannot sing enough of Thee,

The sweetest name on earth;

A note so full of melody

Comes from my heart so joyously,

And fills my soul with mirth.

 

5. I cannot speak enough of Thee,

I have so much to tell;

Thy heart it beats so tenderly

As Thou dost draw me close to Thee,

And whisper: “All is well.”

Eu Nunca Respirarei o Suficiente de Ti

1. Eu nunca respirarei o suficiente de Ti,

Ó suave brisa de amor;

mais perfumado que o pé de murta*,

És como a flor de hena para mim,

O bálsamo que vem do céu.

 

2. Eu nunca contemplarei suficientemente a Ti,

Tu, o mais Justo dos Justos;

Meu coração está cheio de êxtase,

Na face do Teu resplendor

Eu vejo tanta beleza.

 

3. Eu nunca produzirei o suficiente para Ti,

Meu Salvador, Mestre, Amigo;

Eu não desejo sair liberto,

Mas sempre, sempre, de bom grado

Servir-Te até o fim.

 

4. Eu nunca cantarei o suficiente de Ti,

O nome mais doce em toda a terra;

Uma nota tão cheia de melodia

Vem do meu coração tão regozijante,

E enche minha alma de alegria.

 

5. Eu nunca falarei o suficiente de Ti,

Mas tenho muito para dizer;

Teu coração bate tão ternamente

Assim como Tu nos chama para perto de TI,

E sussurra: “Tudo está bem”.

*Murta é uma espécie de planta com flor nativa do sudoeste da Europa e norte da África. Suas folhas, quando esmagadas, têm um aroma considerado agradável, devido ao seu óleo essencial.

HINO n° 84 –  SUA BELEZA

SUAVE BRISA

1. Suave Brisa de amor,

Te quero respirar;

Fragrante qual da hena a flor,

Mais que o da Mirra é Teu olor;

O nardo celestial.

 

2. Ó mais Formoso entre dez mil,

Te quero contemplar;

Que grande êxtase me encheu

Ao ver na luz do rosto Teu

Beleza singular!

 

3. Amigo, Amo e Salvador,

A Ti me entrego enfim;

Liberto não mais vou sair,

Mas me disponho a Te servir,

Servir-Te até o fim.

 

4. O mais sublime nome tens,

Quero invocar-Te mais;

Meu coração alegre está,

Louvar-Te-ei sem descansar;

Meu ser em Ti se apraz.

 

5. De todo o Teu amável ser,

Que mais direi, Senhor?

Mui terno é Teu coração,

A Ti me atrais e ouço então:

“Contigo sempre estou”.

 

Não se trata meramente de uma composição cheia de palavras floridas, esse hino está inundado de aspectos práticos sobre o romance divino: o coração amoroso de Deus está voltado para nós, e nós retribuímos Seu amor como Sua eterna e redimida companheira. Nós estamos desposados com Ele e seremos eternamente Sua noiva!

Que mistério maravilhoso, nós podemos amar tão intensamente Aquele que nunca vimos com nossos olhos físicos. No entanto, quando voltamos nossos olhos para o Senhor, o véu é removido e podemos ver nosso Amado, Aquele que é o “mais Justo dos Justos”. Essa é a nossa oportunidade de obter um relacionamento mais íntimo com o Senhor Jesus aqui na terra – porque aquele que mergulha neste relacionamento é transformado para sempre. Ao contemplarmos a “face do Teu resplendor”, a glória divina brilha em nosso corações, e nosso amor por Ele flui espontaneamente e irresistivelmente. Quando nossas vidas seculares e mundanas forem preenchidas e iluminadas por Ele, então nós iremos declarar com William Spencer Walton:

Eu nunca respirarei o suficiente de Ti,

Eu nunca contemplarei suficientemente a Ti,

Eu nunca produzirei o suficiente para Ti,

Eu nunca cantarei o suficiente de Ti,

Eu nunca falarei o suficiente de Ti.

Senhor Jesus,

Tu és a minha suave e perfumada brisa de amor, que refresca meu coração. Tu és o nome mais doce em toda a terra, que faz meu coração cantar alegremente, e Tu tens o coração mais terno, que me atrai para perto de Ti, sussurrando: “Tudo está bem!”. Ajude-me a fazer desta experiência minha realidade diária.

Eu te amo, Senhor.

Fonte
Este texto teve como principal fonte de pesquisa o livro Hidden Pearls