Ao observarmos Jó, vemos um homem reto, íntegro e que foge do mal (Jó 1:1). Para nós, ele é um bom exemplo de pessoa “perfeita” aos olhos de Deus. No decorrer de sua história, perdeu tudo o que tinha: todos os bens, animais, servos e filhos (vs. 13-19). Deus manteve apenas sua esposa e sua vida. Sofrendo aparentemente sem motivos, Jó se manteve firme em seus princípios, até que Satanás pede permissão ao Senhor para tocar em sua saúde (2:1-7).
Neste momento, a Bíblia diz que Jó foi ferido com tumores malignos. As feridas acumulavam tanto pus que Jó utilizava um caco de vidro para raspá-las e deixá-las limpas (v. 8). Vendo a situação, até mesmo sua esposa não conseguiu acreditar como Jó ainda se manteve sem blasfemar contra Deus (v. 9).
Após isso, apareceram três amigos que queriam condoer-se com Jó e o consolar (v. 11). Iniciou-se, assim, um dos maiores debates da Bíblia, que dura 28 capítulos do livro. Eles acreditavam que Jó tinha alguma falha escondida de seu lado humano. Jó certamente estava errado diante de Deus e era justo apenas aos seus próprios olhos. Consideraram-no perverso, injusto e pecador.
Quando os três amigos já não conseguem responder a Jó, no capítulo 32, o jovem Eliú começa seu discurso, levando todos às palavras inspiradas por Deus. No capítulo 36, sabiamente, Eliú mostra que, no sofrimento, Deus nos visa o bem, pois as aflições nos fazem ver onde erramos e abrem nossos ouvidos para as instruções sobre o caminho que Lhe agrada (v. 9-11).
Entre os capítulos 38 a 41, o próprio Deus aparece a fim de mostrar o quanto Jó ignorava Seus desígnios e desconhecia Sua grandiosidade. O falar de Deus alcança Jó, que reconhece ser indigno até mesmo de responder e cessa suas palavras ali (40:4-5).
Deus, então, continua expondo a pessoa de Jó, o seu orgulho e a sua ignorância, até Jó reconhecer que Deus pode tudo; que nenhum dos Seus planos pode ser frustrado; que, como homem, havia falado de coisas que não entendia; que deveria perguntar e aprender com Deus; que conhecia Deus apenas de ouvir, mas que agora seus olhos viam a Deus e, por isso, arrependeu-se (42:2-6).
Após Jó passar por todas as tribulações e ter tido a atitude de se humilhar, reconhecendo quem Deus é e se arrependendo, sua sorte foi restaurada (v. 10).
Jovem, todos nós temos um pouco de Jó. Autojustificação, julgar estar certo, achar-se melhor e mais capaz que os outros – tudo isso está dentro de nós. Jó não conseguia ver a razão do seu sofrimento, ainda assim, suas tribulações serviram para levá-lo para perto de Deus. Para onde as aflições te levam? Para perto ou longe de Deus? Jovem, depois de viver esses dias maus, as aflições de Jó levaram-no para perto de Deus ao ponto de declarar “eu te conhecia só de ouvir, mas agora meus olhos te veem” (42:5).
Quando Jó viu DEUS, isso bastou para que ele entendesse a razão de seus sofrimentos. Você já viu Deus? Ao contemplar o Senhor, percebemos que na tribulação há glória (Ef 3:13). E isso nos faz deixar de andar cabisbaixos pelos problemas e dores que nos assolam e nos fazem deixar de clamar “por que, ó Senhor?”.
Além disso, quando sofremos, aprendemos a obedecer a Deus e à Sua soberana vontade, assim como Cristo também aprendeu (Hb 5:8-9). O Senhor Jesus nada podia fazer por si mesmo (Jo 8:28). Da mesma forma, nós também dependemos de Deus em nossos sofrimentos. Nos momentos difíceis, é de grande consolo saber que tudo podemos Naquele que nos fortalece (Fp 4:13) e que nossa suficiência vem Dele (2Co 3:5).
Por fim, vale a pena lembrar que nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação (2 Coríntios 4:17). As situações difíceis servem como fogo para refinar a nossa pessoa. Elas fazem as impurezas da nossa personalidade surgirem, permitindo-nos identificá-las e retirá-las. E assim, o valor da nossa fé é confirmado como sendo muito mais precioso que o do ouro perecível, o que nos levará a ter louvor, honra e glória no dia da volta do Senhor (1 Pe 1:7).
O sofrimento dói, mas existe razão para ele estar presente. As provas nos fazem estar mais perto de Deus e experimentar a salvação de forma nova. Também, o fim do homem é o início de Deus; pois quando nossa natureza humana natural e egoísta morre, Deus tem a oportunidade de se tornar nossa vida. Como diz o versículo: “logo já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim (Gl 2:20)”.
Jovem, é da natureza humana buscar Deus nos momentos de maior dificuldade e O esquecer nos bons. Porém, Ele quer ser a vida eterna que ocupa todo nosso ser. Por isso, não espere os sofrimentos virem para levar você à presença do Altíssimo. Em vez disso, escolha compartilhar todos os momentos com Ele, bons ou ruins, desfrutando sempre Sua presença e cuidado. Dessa forma, se a razão do sofrimento é nos fazer ter uma experiência pessoal com Deus e nos fazer crescer, então será possível vivê-la sem sofrer. Faz sentido? Sim? Então, decida confiar em Deus hoje e viva ao lado Dele!
Texto inspirado no livro “Não mais eu, mas Cristo”, escrito por Dong Yu Lan, e publicado pela Editora Árvore da Vida.
Colaboração enviada por Max Lui