Em sua multiforme sabedoria e graça, Deus criou o ser humano, homem e mulher, à sua imagem e semelhança (Gn 1:27). Ser a imagem e semelhança Dele significa que manifestamos Suas características para o louvor da Sua glória. Santificados, o homem em sua masculinidade e a mulher em sua feminilidade exibem e glorificam a trindade. Aquilo que somos, somos porque Ele É.
Virtudes, capacidade intelectual, criatividade, demais habilidades… Tudo procede do ser de Deus e se dispensam à humanidade como graça comum, mesmo àqueles que são caídos e carecem de salvação. Seus filhos, porém, por serem redimidos, não apenas possuem tais traços de Deus — a imago Dei —, como podem manifestar tais características para a glória de Deus de forma santa. A vida divina nos transforma e conforma a Cristo e no Filho o Pai é glorificado.
Dessa feita concluímos que características como paternidade e maternidade também pertencem e emanam do próprio Deus para o homem e para a mulher. Entretanto, pais e mães, devido ao legado do fútil procedimento que passa de geração em geração a todo ser humano desde a queda, ainda são passíveis de falhas e até mesmo de pecar contra os filhos.
Deus, contudo, nunca deixa de cuidar dos Seus. Apenas Nele temos plena segurança. É por isso que pais e mães redimidos devem buscar em Deus sabedoria para expressá-Lo a seus filhos. Lemos em Isaías 49:15 que, ainda que uma mãe se esqueça do seu filho, Deus não se esquece. A perfeita maternidade está em Deus. As mães podem exibir o que recebem Dele como dom e podem fazê-lo por possuírem a imagem de Deus.
Ser mãe é divino! E a função de uma mãe não é somente gerar uma vida. Aliás, nem todas as mães geraram biologicamente seus filhos. Deus concedeu o gerar filhos a algumas mulheres, mas a outras pode não ter concedido. Isso Ele também o faz em Sua sabedoria. Temos de crer no propósito que Deus tem para cada uma e confiar nos Seus planos.
Algumas mães não geraram biologicamente seus filhos, mas os amam e cuidam deles sem qualquer distinção sanguínea. A escolha que fizeram e o amor que possuem os geraram, no coração, como filhos. Isso lembra a nós, gentios, o modo como Deus nos recebeu, não fazendo distinção entre nós e os judeus, mas tornando Seus filhos todos os que creem, por meio de Jesus Cristo — Seu unigênito e primogênito —, segundo o bom prazer da Sua vontade.
Deus cuida de Seus filhos, nutre, alimenta, ama, ensina, corrige e forma o caráter. Assim também as mães podem expressar em sua função tais características. Elas nutrem os filhos física e emocionalmente, cuidam de suas necessidades, educam, corrigem, protegem a vida, forjam o caráter, ensinam a viver de acordo com a moral e a ética etc.
E as mães cristãs devem ir além na expressão das características de Deus por, como já vimos, serem redimidas. As mães cristãs são instrumentos para conduzir os filhos a Deus. Portanto, devem instruí-los a amar Deus acima de todas as coisas, apontar para o amor sacrificial do Senhor e para a salvação, ensiná-los a guardar a Palavra e o caminho em que devem andar.
Porém, como foi dito anteriormente, a queda nos legou um fútil procedimento e, embora redimidos, ainda temos algumas atitudes procedentes dela. Atitudes que não glorificam a Deus. Todos nós ainda estamos em processo de transformação e dia a dia temos de aprender a viver de acordo com a vida divina que recebemos, não mais pelo antigo estilo de vida que nos foi legado.
Talvez você olhe para sua mãe e tenha algum ressentimento. Ela pode em algum momento ter ferido você. Mas saiba que isso não faz parte da verdadeira identidade dela em Cristo, antes, é um traço da queda e do pecado que ainda habita em nós. Provavelmente ela também foi vítima de outros que pecaram contra ela e as feridas dos abusos que sofreu (sejam eles de quaisquer tipos) ainda precisam ser curadas pelo sangue remissor de Jesus.
Você também ainda tem tais traços da queda e pode pecar contra outras pessoas nos seus relacionamentos, ferindo-as mesmo quando não quer, mesmo amando-as. Então, se você possui algum tipo de mágoa ou ressentimento em relação à sua mãe, aprenda a perdoá-la, busque perdoá-la. Você é tão passível de pecar quanto ela. Mas Deus, sendo você um pecador, escolheu amá-lo. Ele o perdoou e está transformando você. A quem muito é perdoado, também muito deve perdoar.
O mesmo processo de transformação que está acontecendo com você também está acontecendo com sua mãe, se ela já for cristã, ou irá acontecer quando ela se converter. Pouco a pouco o Senhor irá santificar, curar e redimir aquelas áreas que ainda necessitam. Creia! E se sua mãe não é cristã ainda, ore pela salvação dela, dê um bom testemunho e exiba a transformação de Cristo na sua vida para que ela olhe e deseje ter o que você tem, encontrar o que você encontrou. Deus ama famílias e pode salvar a sua. Quem sabe não é por meio de você que a salvação chegará à sua casa?
Talvez um dia você tenha filhos, se já não tem, e precisará aprender a cuidar deles de acordo com Deus. Você terá dificuldades, cometerá erros e precisará da graça. Você terá de olhar para o Único que é Perfeito para que Ele ensine você como criar os filhos.
Ou talvez você já tenha filhos crescidos e se culpe pelo que não fez ou por algo que fez errado. Não se culpe. Apenas Deus tem em si paternidade e maternidade perfeitos. Se você pecou contra seus filhos, você pode se arrepender e pedir perdão. Também foi por isso que Cristo pagou na cruz. Creia no perdão Dele e ore para que os erros do passado não mais afetem seu relacionamento com seus filhos. Ore por eles. Ore para que sejam alvos da graça e vivam como filhos de Deus.
Não sei sua idade, se é uma moça ou um rapaz, uma senhora ou um senhor, se tem filhos ou não. Não sei se você foi criado por sua mãe, nem mesmo se a conheceu, se teve uma mãe que lhe deu amor ou se tem feridas ainda abertas. Não sei se você já perdeu sua mãe ou se a tem com você. Não sei se você deseja ter filhos, mas não consegue e sofre por isso, ou mesmo se você já passou pela profunda dor de perder um.
Para algumas pessoas, essa época do ano é sinônimo de grande alegria, mas para outras é sinônimo de tristeza. A Bíblia nos ensina que devemos nos alegrar com quem se alegra e chorar com quem chora. Sejamos sensíveis para entender a felicidade e também a dor de outros.
Se você passou pela dor de perder perder sua mãe ou de perder um filho, não posso dizer que entendo o que você sente, pois não posso mensurar sua dor. Minhas palavras não podem ser consolo suficiente. Mas o Espírito Santo é o Consolador. Nele você pode encontrar o que necessita para passar pela dor e ter esperança. Lance sobre Ele sua tristeza, angústia e saudade. Ele enxugará suas lágrimas e estará com você.
Se você é uma mulher que está enfrentando dificuldades para ter filhos e tem o desejo de ser mãe, lembre-se de Ana, de Sara, de Raquel e de muitas outras que não podiam ter filhos, mas tiveram. Deposite seu coração aos pés do Senhor e deixe que Ele o preencha com o desejo do coração Dele.
Lembre-se também de que nem todas as mulheres terão filhos biológicos e que Deus continua sendo soberano quando permite tal fato. Você pode experimentar o poder de Deus para lhe dar filhos sanguíneos, assim como pode experimentar a dádiva Dele por meio de ter filhos adotados. Ou ainda, se Deus tem outro propósito para sua vida, ao orar, Ele pode conformar seu coração a entender qual Seu desejo.
Confie nos desígnios de Deus. Ele tem um plano para você. Disponha-se a ouvi-lo, ter o coração conformado e a ser fiel. A vontade de Deus é sempre boa, perfeita e agradável. Os pensamentos Dele são de bem e não de mal e tudo sempre coopera para os que o amam. Você pode exercer a maternidade biológica, a maternidade adotiva, ou ainda a entrega completa à maternidade espiritual. Seja qual for, você será feliz se estiver com o coração alinhado ao Dele.
Antes de prosseguirmos, quero dizer aos jovens que estão lendo este artigo: se você ainda tem sua mãe, trate-a com honra e com amor. Deus se agrada dos filhos que honram os pais.
Agora, quero que pensem a respeito de um tipo de maternidade muito importante: a maternidade espiritual, citada no parágrafo anterior e título deste texto. Bem, é provável que você não conheça o termo “mãe espiritual”. E é provável que, se você nunca ouviu, esteja em dúvida sobre o que se trata. Queridos, assim como há mães biológicas e adotivas, também existem as mães espirituais. Elas são as mulheres sábias, bondosas, cuidadosas, atentas, acolhedoras, consoladoras, benevolentes, cheias de vida e de amor que estão na vida da igreja e consagram a própria vida para servir e cuidar dos irmãos da igreja.
Você já deve ter conhecido pelo menos uma irmã assim. Pode ter sido uma irmã que cuidou de você no início da sua conversão. Talvez, se você cresceu na igreja, as irmãs que cuidaram de você na sua infância, na classe infantil da igreja – as “tias”. Pode ter sido a irmã responsável pelos adolescentes ou jovens, a esposa do pastor, a irmã do ministério de intercessão que sempre ora por você, a que recebia você em casa e preparava um lanche com carinho, a que sempre queria saber como você estava e era carinhosa mesmo quando você era um adolescente chato, a mãe do seu amigo, a irmã que sempre cozinha para os jovens ou paga os lanches porque gosta de vê-los reunidos, a que oferta para que você possa ir às Conferências ou retiros da igreja, aquela irmã a quem você recorre para receber instrução, aquela que o exorta em amor e dá bons conselhos.
Pensou em alguma? Jovem, idosa, solteira, casada, com ou sem filhos, com grande ou pouca diferença de idade em relação a você, parte do seu passado ou do seu presente… Diversos são os tipos de mães espirituais, mas todas são servas do Senhor que se dedicam a servir os santos, exibem características de Deus que O glorificam e assim contribuem para o viver saudável da igreja e a edificação do corpo.
O Apóstolo Paulo, em Romanos 16:1, cita uma irmã chamada Febe. Ela cuidava dos irmãos na igreja em Cencreia e amparou muitos santos, inclusive Paulo. Seu serviço foi elogiado pelo apóstolo, que recomendou aos irmãos da igreja em Roma que a recebessem com acolhimento.
O irmão Watchman Nee, amado e útil servo do Senhor que viveu na China no século passado (1903 – 1972), além de ter uma mãe biológica que o conduziu ao Senhor, também foi cuidado por uma “mãe espiritual”: a irmã Margaret Barber. Essa irmã o ensinou e discipulou logo no início do seu ministério. O irmão Nee foi por ela instruído na Palavra, recebeu orientações, exortações, teve seu caráter cristão aperfeiçoado e aprendeu o que é ter uma vida de consagração. Ele foi grato a ela por toda vida.
Que esse mesmo sentimento de gratidão esteja em nós. Precisamos valorizar o serviço desempenhado pelas “mães espirituais” que temos na vida da igreja. Você que é mulher, busque diante de Deus que Ele lhe dê a benção de ser uma mãe espiritual para alguém. Mesmo que você ainda seja jovem, você pode exercer esse ministério para alguém. E você que é homem, se você se casar, ou se já é casado, incentive sua esposa a exercer o papel de mãe espiritual na igreja.
Amados, que possamos manifestar as características de Deus e glorificá-Lo, bem como reconhecer as virtudes Dele exibidas nos irmãos e irmãs. Assim O louvaremos, pois só somos porque Ele É! Por fim, incentivo você a agradecer às irmãs que são mães espirituais. Mande uma mensagem, ligue, encaminhe este texto… Você decide como fazer. Mas não deixe de agradecer. Quando você agradece a elas, além de incentivá-las a perseverar no serviço, está agradecendo ao próprio Deus. Tudo vem Dele, é por Ele e para Ele.
Que a paz e a graça de Cristo Jesus esteja com você.