O nosso entrevistado da vez é o irmão Ezra Ma da Igreja em Monte Mor – SP. Mesmo em meio a tantas atividades, o irmão Ezra atendeu ao nosso pedido prontamente, com muita gentileza e simpatia. Em uma conversa simples, numa tarde de domingo, no local de reuniões da Igreja em Brasília – DF, ele nos ajudou sobre o tema “jovem líder”. Esperamos que estas respostas os ajudem a ser jovens úteis ao Senhor Jesus, sendo participantes e cooperadores de uma terceira geração ativa e diferente.
– Eu vos escrevi: Qual o conceito e os princípios da liderança?
– Ezra: “Um líder precisa se preocupar com as pessoas. Um jovem que quer ser líder precisa se preocupar com os jovens que estão à sua volta. Moisés orou da seguinte maneira: “O Senhor, autor e conservador de toda a vida, ponha um homem sobre essa congregação” (Nm 27:16, primeira parte). Moisés ia morrer, mas não ficou remoendo a dor de que ia morrer e não podia entrar na terra de Canaã; ele se preocupava com o povo de Deus. Ele falava: “Deus, eu vou morrer mas, quem vai encabeçar este povo? Quem vai guiar esse povo?”. E o versículo continua: “[…] ponha um homem sobre essa congregação que saia adiante deles, e que entre adiante deles, e que os faça sair, e que os faça entrar, para que a congregação do Senhor não seja como ovelha que não tem pastor” (Nm 27:16-17). Hoje, o que o Senhor quer não é só pessoas com título – o Senhor quer líderes. Hoje, faltam líderes na vida da igreja. E entre os jovens faltam líderes. Precisamos de líderes entre os jovens que possam conduzir os outros jovens. Este é o princípio: condução! Não é mandar, dar ordem, é conduzir.”
– Eu vos escrevi: Por que um jovem deve querer ser um líder?
– Ezra: “Não é bem que um jovem tem de querer ser líder, tudo parte do princípio do amor. O jovem tem de ser tocado pelo amor de Deus! Quando é tocado pelo amor de Deus, ele começa a amar os jovens à sua volta e fica desesperado. Arde dentro dele aquele desejo de ver todos os jovens amando ao Senhor, servindo, conhecendo a Palavra, conhecendo as verdades bíblicas. E, espontaneamente, ele se torna um líder. Um líder que leva os outros jovens a fazer o que ele já faz. Não é querer fazer um curso de líder para ser um líder teórico. Não! É um jovem que ama os outros jovens e assume a liderança espontaneamente.”
– Eu vos escrevi: Todos os jovens precisam ser líderes? E se um jovem não tiver esse chamamento ou até mesmo não tenha a personalidade de líder, de que outra maneira ele pode ser útil na igreja?
– Ezra: “Aí é que está. Este conceito de ‘todo mundo tem que ser isso’ é uma coisa que precisa ser erradicada da vida da igreja. Devemos erradicar da nossa cabeça esse conceito de que ‘todo mundo tem que fazer a mesma coisa’. Não é assim. Não existem dois membros iguais no corpo. Seria a mesma coisa que dizer: ‘todo mundo tem que ser Neymar’. Tem Neymar, tem Messi e também tem outros jogadores que jogam no meio de campo, jogam na zaga, tem o goleiro, e que não são Neymares. Só tem um Neymar, mas é uma equipe. Nós somos membros do Corpo de Cristo. Todos os membros têm sua função. Cabe a cada jovem identificar a sua função, em que função é feliz. Alguns serão líderes, alguns não serão. Mas esses que não são líderes têm funções e ministérios que talvez o líder não tenha. O líder tem de reconhecer que ele não é único, ele tem de trabalhar em equipe. Isso é uma outra característica em um líder. Tem de saber trabalhar em equipe, com pessoas de diferentes personalidades. E a equipe é quem ganha, não um indivíduo. Os jovens que não são líderes podem exercer outras funções, como cuidar de pessoas. Os jovens precisam de cuidado. Pode ser que haja um jovem que não é líder (por posição), mas é muito bom para cuidar; ele abre a casa dele, fala com sua mãe, vai pegar os jovens novos, faz um lanche para eles, entendeu? É a função dele.”
– Eu vos escrevi: Segundo estudiosos, a liderança está associada à influência exercida sobre outras pessoas. Como um jovem pode exercer liderança, influenciando as pessoas nos meios que frequenta?
– Ezra: “Hoje, fala-se muito e se faz pouco. Um jovem líder deve causar impacto na vida das pessoas. Isso é influência. Ele é o que ele fala. A presença dele é a influência, e as pessoas o respeitam. As pessoas podem não concordar com o que ele faz (porque o mundo, hoje, é terrível), mas as pessoas o respeitam e, cedo ou tarde, esse jovem causa influência nelas. Isto é ser um líder: a sua presença faz a diferença.”
– Eu vos escrevi: Além do aspecto de influência, a liderança pode ter o aspecto de posição ocupada. Os jovens que ocupam posições de líderes são escolhidos por possuírem determinadas características ou é uma apresentação voluntária?
– Ezra: “Isso pode vir de duas maneiras. Primeira: pelo exemplo dele, todos automaticamente o reconhecem como líder. Ele não se coloca em uma posição de líder, ele já é líder pela vida dele, isso é muito importante. Segunda: às vezes, pode ser que a liderança da igreja escolha alguns jovens para exercerem certas funções. Eles são colocados em certa posição por requisição da liderança da igreja. Eles exercem bem a sua função e têm uma equipe que trabalha com eles e, assim, se tornam também um exemplo, um modelo para outros jovens.”
– Eu vos escrevi: Como deve ser a postura e as características humanas e espirituais de um jovem líder?
– Ezra: “Humanas, podem ser resumidas em uma só palavra: amor. A liderança precisa ser pelo exemplo e não dando ordens. A liderança deve causar impacto na vida das pessoas. A postura dele é esta: ele ama as pessoas! Um dos itens mais importantes é que um líder deve ter como foco não os resultados, mas as pessoas. A postura e a característica humana é de amar as pessoas e ter outras pessoas como foco. E a característica espiritual desse jovem líder é que ele deve conhecer a Palavra de Deus, conhecer a vontade de Deus, conhecer os princípios espirituais que estão na Bíblia. Isso é muito importante.”
– Eu vos escrevi: O orgulho pode tomar conta do coração de um jovem que exerce uma liderança visível. Como lidar com essa questão? Quais os cuidados necessários?
– Ezra: “Essa questão do orgulho é uma verdadeira arapuca. Os irmãos que estão mais à frente e têm mais experiência devem ficar de olho. Inclusive devem sentar-se com o jovem quando assume uma liderança visível e adverti-lo: ‘cuidado com o perigo do orgulho. Se você se orgulhar, acabou para você, Deus não vai te usar mais’. Nos exemplos da Bíblia, o orgulho é o princípio de Lúcifer; ele caiu por causa do orgulho. Se a liderança da Igreja ama o jovem e o coloca numa posição visível para exercer liderança entre outros jovens, ele deve ser advertido, porque, sem dúvida, com o sucesso vem o orgulho e, se não tratar com isso é fatal. Quando o líder identifica o orgulho, ele tem de se negar. Aí vem a questão de negar a si mesmo, ir para cruz. Ele tem de negar, crucificar esse sentimento. Um sentimento de orgulho vem, mas, só com esse sentimento a pessoa não peca. Mas se ela começa a cultivar esse sentimento – ‘olha, eu fiz bem! Olha, eu sou bem sucedido!’ – aí ele peca. Por exemplo: se um passarinho começa a rodear sua cabeça, você tem de espantá-lo dali; você não pecou ali. Agora, se você deixar o passarinho pousar e fazer um ninho na sua cabeça, aí você pecou (risos).“
– Eu vos escrevi: Como o jovem líder deve se comportar em relação aos irmãos mais velhos?
– Ezra: “Aí está a sabedoria de Deus. Isso é uma verdadeira prova. Um jovem líder deve aprender a respeitar os mais velhos. É um princípio bíblico respeitar os mais velhos; ainda que os mais velhos não tenham nenhum dom de liderança, não tenham muitas habilidades, o jovem deve respeitar. Às vezes, há presbíteros que estão à frente da Igreja e, por força das circunstâncias, esse presbítero não tem muita capacidade, não conhece muitas coisas, não consegue fazer muitas coisas, mas ele está lá como presbítero. Então, o jovem deve se colocar em sua posição, tem de se submeter ao presbítero. Isso só é benção! Só benção! E Deus usa isso para provar o coração do jovem.”
– Eu vos escrevi: As irmãs podem ser líderes? Existe um limite quanto à liderança exercida por irmãs?
– Ezra: “Claro! As irmãs podem ser líderes e precisamos de irmãs líderes. Se é um trabalho entre as irmãs, reunião de irmãs, encontro de irmãs, conferência de irmãs, podem ser líderes e até pregadoras. Agora, quando há varões no meio, tudo depende da orientação da liderança da Igreja. Por exemplo, uma irmã pode ser colocada como líder do serviço de crianças e nesse serviço há varões servindo. Essa irmã foi colocada pelos presbíteros como líder do serviço, da equipe, então, nesse caso, o varão tem de obedecer a ela. Ela está debaixo do encabeçamento dos presbíteros.”
– Eu vos escrevi: Quais são os exemplos de líderes na Bíblia que exerceram esse papel de maneira que agradaram a Deus?
– Ezra: “Tem bastante! Só vou mencionar alguns. Moisés foi um verdadeiro líder. O povo estava em escravidão no Egito, então Deus teve de preparar esse líder e o fez por 80 anos. Quando Moisés estava com 40 anos, ele achava que já era o líder e foi um desastre. Aí Deus teve de pô-lo no deserto para pastorear ovelhas. E Deus o preparou por mais 40 anos. Quando ele achava que era o fim da vida dele, aí Deus quis usá-lo. Ele tirou o povo de Deus do Egito, conduziu o povo por 40 anos no deserto e, quando estava para morrer, preparou um sucessor, Josué, que também foi um bom líder. Outro exemplo de líder é Samuel. Quando Samuel era criança, no tempo de Eli, a Palavra era rara em Israel, mas, com Samuel, Deus começou a falar de novo e Samuel era um jovem líder. . Mais tarde, se tornou um líder que causou uma grande influência no povo de Israel. Davi foi um grande líder, ele levou o povo de Israel a derrotar todos os inimigos. Um jovem, um líder segundo o coração de Deus, a Bíblia o chama assim. No Novo Testamento, temos Pedro que era um líder; Paulo que era um líder; Jesus, o maior exemplo de líder, mudou o mundo inteiro!”
Mensagem final:
– Ezra: “Existe, hoje, a síndrome da terceira geração – os jovens de hoje são da terceira geração. Vamos ler Juízes 2:8-11: ‘Faleceu Josué, filho de Num, servo do Senhor, com idade de cento e dez anos; sepultaram-no no limite de sua herança, em Timnate-Heres, na região montanhosa de Efraim, ao norte do monte de Gáas. Foi também congregada a seus pais toda aquela geração; e outra geração’ – agora é a terceira geração – ‘após eles se levantou que não conhecia o Senhor, nem tampouco as obras que fizera em Israel. Então, fizeram os filhos de Israel o que era mau perante o Senhor; pois serviram a baalins’. Então o que aconteceu? Tem a primeira geração, aqueles que têm o idealismo, a visão, a comissão. Vem a segunda geração (a de Josué), que dá continuidade, mas o encargo já não é tão forte mais. Daí vem a terceira geração, que simplesmente perdeu todos os ideais, perdeu a missão, perdeu a comissão e morreu. Eu me preocupo com os jovens. Os jovens, hoje, têm muito tempo para o Whatsapp, para o Facebook, para essas coisas, mas não têm muito tempo para a Palavra do Senhor. Eu tenho medo que o encargo, a missão do Senhor, morra nessa terceira geração. Aos jovens que estão lendo esse final de entrevista: ‘queridos jovens, Deus espera que vocês sejam os líderes nessa terceira geração. E para isso, irmãos, vocês têm de seguir os exemplos da Bíblia, têm de ler a Palavra de Deus, têm de aprender nas experiência de vida, têm de aprender os princípios espirituais. Por isso, não vamos perder tempo. Vamos aproveitar todo o tempo que nós temos na vida da Igreja para crescer em vida e sermos capacitados, na parte espiritual, humana e na parte administrativa, em cuidar das coisas de Deus.”
Entrevista realizada por Carolina Lacerda, com colaboração de Felipe Piragua, Giovanna Jardim e Mário Guazzeli.
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Jesus é o Senhor!
Até a próxima entrevista! 🙂