Houve um tempo em que eu estudava com chineses. No início, havia algo sobre eles que eu não entendia e achava muito estranho: quando os encontrava, perguntavam: “você já comeu?”, ou “já almoçou?” (ou jantou, dependendo do horário). Eu demorei a entender que essa é uma forma de cumprimentar comum na China e em outros lugares da Ásia. Isso é muito interessante. Algo bem comum na cultura deles era bem diferente para a minha.
É uma maneira de demonstrar cordialidade e preocupação antes de começar uma conversa. Tão usual como é para um brasileiro, ou um inglês, comentar sobre o clima. De novo, acho esse assunto muito interessante. Saber começar uma conversa e se aproximar de uma pessoa pode ser algo muito útil para alguém que deseja demonstrar o amor de Cristo ao próximo. E podem existir diversas formas de se demonstrar interesse pelas necessidades de alguém.
Sei que muitas vezes perguntamos “tudo bem?” ou “como você está?” só por força do hábito, sem real interesse em saber do estado do outro. OK, esse é um costume comum e não acho que tenha, necessariamente, que ser diferente. Não é uma forma de se cumprimentar ou de se pensar sobre ela que realmente importa para demonstrar afeto por alguém. O que importa é a postura do coração.
Recentemente vi um post numa rede social sugerindo maneiras diferentes para se começar uma conversa, indo além do convencional “tudo bem?”. Apresento alguns exemplos dessas formas a seguir, além de outras em que pensei:
- Como foi o seu dia?
- Dormiu bem?
- Que pensamentos têm ocupado sua mente?
- Como você tem se sentido?
- Tem alguma coisa em que eu possa ajudar você?
- Que histórias você tem contado a si mesmo hoje?
- O que você tem feito?
Além disso, lembro-me dos belíssimos “posso orar por você?”, “você tem pedidos de oração?”
Gostei de pensar sobre essas formas de se iniciar conversas, porque nos ajudam a pensar a respeito de diferentes coisas das vidas das pessoas que podemos buscar conhecer. Claro, novamente, o que importa é o coração, a postura interior, que pode se manifestar de muitas outras maneiras, até mesmo sem palavras. O que isso me fez pensar é que, se experimentamos o amor de Cristo e desejamos obedecê-lo em relação a cuidar de nosso próximo, buscaremos oportunidades de conhecer pessoas e fazer parte das vidas delas.
Levar pessoas a Cristo para crer Nele e o seguir
A grande comissão do Senhor ia além de evangelizar. Ele disse para fazer “discípulos de todas as nações (…) ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” (Mt 28:19-20). Discípulos são mais que convertidos, são seguidores de Cristo. A nossa tarefa é levar pessoas a Cristo para que vivam constantemente com Ele e ajudá-las a se tornarem filhos de Deus maduros.
Para isso, é preciso andar junto. Quando o Senhor estava na terra, Ele ensinava por meio de situações do dia a dia . Ele não era meramente como um professor que dava aulas em uma escola (embora Ele o fizesse em algumas ocasiões, como quando ensinava nas sinagogas). Muito além disso: Ele convivia com seus discípulos. Estava com eles dia e noite, compartilhando seus pensamentos e sentimentos. E eles também compartilhavam de suas vidas com Ele.
Jesus é o bom pastor. O bom pastor conhece suas ovelhas (Jo 10:14). Para pastorear, conduzir e cuidar de alguém, precisamos conhecer bem essa pessoa. Para nos alegrarmos com quem se alegra e chorarmos com os que choram (Rm 12:15), precisamos saber das pessoas o que as alegra e o que as entristece. Suas alegrias, seus sonhos, suas dificuldades, suas dores… Poderemos mostrar que passamos por coisas semelhantes e partilhar como nossa fé nos ajuda a lidar com elas.
Buscar tal postura para se aproximar de pessoas é apenas o começo. Desenvolver relacionamentos é uma longa jornada sobre a qual precisamos estar sempre dispostos a aprender mais. Assim como Cristo, quando veio à terra e experimentou nossa humanidade, precisamos ser compassivos, estar próximos e acessíveis. Ele não estava distante do dia a dia das pessoas comuns. O bom pastor conhece suas ovelhas e está presente junto a elas. Que Ele esteja próximo de muitos por meio de nós. Vivendo Seu amor, que possamos levar pessoas a Cristo. Que busquemos um coração como o Dele e como Ele, possamos buscar conhecer pessoas e desenvolver relacionamentos com elas, para que juntos conheçamos e sigamos ao Senhor.