O profeta Jeremias por várias vezes alertou a nação de Judá que uma grande destruição estava por vir caso não se arrependesse de sua idolatria e imoralidade, mas o povo não quis acreditar em suas palavras, antes as achava pesadas demais e contrárias aos seus interesses. Além disso, a população pensava que mesmo praticando o mal, por ter o templo físico do Senhor ali, estaria segura. É por isso que vemos essas palavras do Senhor no capítulo 7 de Jeremias:
Aquelas pessoas ignoravam a necessidade de ter um viver real para o Senhor. Faziam coisas contrárias a Deus e viviam uma vida de aparência no serviço a Ele. É preciso que estejamos dispostos a ouvir palavras que nos tirem de nossa zona de conforto.
Não podemos buscar o conforto em lugar da verdade.
A confiança delas estava mais nas coisas que receberam de Deus do que no próprio Deus. Tudo havia se tornado apenas uma superstição, uma religião vazia. Assim como os filhos de Israel levaram a arca do Senhor para a batalha achando que a presença dela lhes daria a vitória, apesar de estarem em uma condição distante de Deus (1 Samuel 4). A arca era apenas um símbolo da presença do Senhor. É a presença real que buscamos e, por isso, devemos nos purificar do que nos afasta dela (cf. Is 59:2).
Assim, não podemos pensar que estamos bem apenas por estarmos participando de reuniões e atividades da igreja, por termos feito alguma leitura aqui, alguma oração ali… Essa é apenas uma forma de enganar nossa consciência. Agindo assim, fechamos nossos olhos para o fato de a necessidade do Senhor em nós ser bem mais profunda do que apenas algumas práticas que nem mesmo gastamos muito tempo. É preciso receber a Palavra como de fato é a Palavra do próprio Deus, de forma que ela transforme o ouvinte e o faça praticá-la de todo o coração.
Como é grave ser apenas um ouvinte da Palavra, sem praticá-la! É enganar a si mesmo (Tg 1:22)!
A confiança do povo estava na aparência. A realidade daquelas coisas havia sido perdida por quase todos. Por isso, Deus não podia mais se identificar com aquele povo. O lugar que Ele havia escolhido para fazer habitar o seu nome havia se tornado um lugar como qualquer outro, pois Ele teve que sair dali. Quando o povo deixou de ser fiel a Deus e se envolveu com o mundo Deus não pôde mais relacionar seu nome a ele:
Mas ide agora ao meu lugar que estava em Siló, onde, no princípio, fiz habitar o meu nome, e vede o que lhe fiz, por causa da maldade do meu povo de Israel. (Jeremias 7:12)
Você se conforma com uma vida superficial no Senhor? Só aparece nas reuniões da igreja sem uma busca real no dia a dia? Acha que isso é suficiente? Você mantém a realidade que um dia teve das coisas do Senhor ou só tem a aparência delas? Essas são perguntas que devemos fazer a nós mesmos. Deus reprova uma vida de aparência e chama seu povo para “emendar”, corrigir, seus caminhos, praticando a justiça para com Ele e para com o próximo:
Deus permitiu que o templo fosse destruído para que seu povo infiel visse que aquelas coisas nada eram em si mesmas. Se vivemos uma vida de aparência, o julgamento virá. Isso deve fazer com que nos preocupemos com a nossa condição. Daniel disse que o inimigo de Deus destruiria “a muitos que vivem despreocupadamente” (Dn 8:25). Se vivemos uma vida relaxada com Deus estamos sob julgamento e somos alvos fáceis do Inimigo.
Deus não julga segundo a aparência como o homem costuma fazer (Gl 2:6). Deus conhece os corações e busca a realidade.
É uma grande tolice pensar que podemos enganar a Deus e a nós mesmos. Deus está disponível para ser experimentado, conhecido e é para isso que Ele nos chama. E por ser misericordioso Ele nos dá a oportunidade de “emendarmos” nossos caminhos. O dia para aproveitar essa oportunidade é hoje, sem ignorar, sem deixar para depois. Por sua bondade Ele nos conduz ao arrependimento (Rm 2:4).