É manhã, um pregador do evangelho tem em mãos um livro com letreiro dourado. Ao caminhar pela calçada com o livro balançando, ele é abordado subitamente por um flanelinha dizendo: “Esse livro parece ser muito bom”. Sem demora, o pregador abre-o e começa a folheá-lo para um senhor de aparência cansada e desnutrido. É o Luís, pessoa sedenta por conhecimento mesmo não sendo carente dele.
Muito aflito, dizia estar preso ao crack. Vendo sua situação vagante, sua fé transcendental e sua aparência desgastada, o pregador fica intrigado com a situação. Luís crê que o Senhor Jesus pode libertá-lo, mas conflitantemente todas às dezoito horas peleja consigo mesmo para não usar o entorpecente. Pelo fato de sua humanidade ser fraca, o vício derrota-o e todos os dias rouba o que ele conquistou com o suor de seu rosto. Luís é um leitor nato, verdadeiro devorador de livros, argumentador convincente.
Os dois tiveram uma conversa bastante rica intelectualmente. Isso levou o pregador a refletir: qual é a finalidade do conhecimento tamanho adquirido pelo Luís se suas ações são contrárias a seu farto saber?
Ao conversar, o pregador percebe que o flanelinha tem uma profunda noção da guerra espiritual. Luís não consegue voltar-se para Cristo, o máximo que chega a transparecer é um momento de remorso com poucas lágrimas. Muita emoção, pouca ação.
Essa situação levou o pregador a uma profunda reflexão. A partir dela, ele olhou para seu modo de vida e considerou sobre os momentos de queda e de arrependimento. Na experiência do pregador, quando caia em iniquidade, sentia-se pesado, a mente viajava e começava a pensar em versículos sobre pecado. Brotava um incômodo gigantesco e logo ele caía em lamentos. Chorava bastante, fazia as orações mais alvoroçadas que existiam e então surgia o milagre: o coração deixava de ser um lixo e a paz retornava. Que beleza!
Depois do término daquele momento de “showzinho”, o pregador cessava as orações e sua vida continuava na mesmice de sempre. Durante a semana lembrava de Deus de vez em quando e aí recomeçava o tormento. Eis que surgia aquele pecado para o tentar. Aquele pecado parecia chiclete no sapato. Pensava ter se livrado, mas continuava colando. Pensava em nunca mais fazer, mas voltava a cair nele. É triste, mas o pregador se via como aquele drogado que tem hora marcada com o pecado.
Não conheço sua experiência jovem, porém, se a história acima está espelhada na sua, então, quero te convidar a parar de confundir arrependimento com remorso, pois quem tem hora marcada com o pecado, pode não ter experimentado real arrependimento, mas apenas ter vivenciado o remorso. Você sabe o que significa “arrepender”? Vamos lá, a palavra arrependimento em grego é metanoia, que significa mudança essencial de pensamento ou de caráter. Já o remorso é apenas um sentimento negativo passageiro com alto potencial destrutivo.
Seja sincero: se o pecado não desse prazer você o faria? Pecamos por conta de ainda termos alegria em momentos tão rápidos; só que, passando um tempo, nos sentimos insatisfeitos e queremos uma dose maior de pecado para conseguir o mesmo efeito quando fizemos pela primeira vez. Sem arrependimento esse ciclo se repete sem ter fim. Portanto, vá diante do Senhor e peça forças para viver essa experiência genuína de se arrepender.
O pecado engana, cega e traz trevas. Pode até deixar sequelas, cicatrizes físicas e lembranças ruins por muito tempo. Trata-se de uma verdadeira manifestação da derrota na batalha espiritual. Se você quer vencer os pecados repetitivos e as derrotas sucessivas, então, além de se arrepender, também é necessário orar. Afinal, a maneira de tomar a espada do espírito é com toda oração e súplica (Ef 6:17-18). E para vencer, é necessário atacar e destruir o inimigo, sendo a oração a única arma de ataque da armadura de Deus.
Caro leitor, para encerrar esse texto, gostaria de fazer uma oração junto com você a fim de aplicar as verdades mencionadas aqui. Não sei onde você está, no entanto quero te convidar, se possível, a ficar sozinho e fazer essa oração: “Senhor Jesus, eu tenho um pecado que me segue há muito tempo, mas até hoje nunca te contei o porquê. Senhor eu sinto prazer em pecar. Mesmo sabendo que vou ficar triste, aqueles míseros momentos de pecado ainda são minha diversão. Peço que tire de mim o apego e o gosto pelo pecado. Reconheço: estou em uma situação ruim e minha alegria está em fazer tais coisas. Tira de mim o gosto pelo pecado! Coloca no lugar a felicidade de vida cristã pura junto com Você e com minha família. Tu sabes que se surgir a oportunidade para pecar novamente, eu o farei. Estou sendo sincero: pareço um dependente químico. Mas Você disse que iria terminar a boa obra que começou (Fp 1:6). Estou cansado de perder para a carne, por isso, muda minhas atitudes e minha mente, me dá um caráter adequado, ensina-me a fugir da tentação. Supre-me com a Tua graça e me enche de convicção de que Tua graça me basta para lidar com esse espinho na carne. Eu aguardo Tua resposta e creio em Teu poder. Amém (1Co 10:13)”.