Dia de reunião da igreja. E então, tudo se inicia. É colocada a máscara e logo é comprovada a sua serventia. A princípio, nos umbrais da entrada… Um “Amém! Que bom vê-lo aqui!”. Você responde. Desta vez, um suspiro… passou. Este irmão não percebeu.
Após o encontro com dois ou três, mais um suspiro. Sentou-se um pouco atrás e está em “segurança”. Pronto para a próxima batalha. A reunião se inicia. Cada oração vem como uma flecha e arde. Você se recorda da semana difícil que teve e não se considera apto para render qualquer adoração ao Senhor. Neste instante, uma fortaleza se ergue em seu coração.
Quando os hinos começam, a batalha se intensifica. A cada nota e palavra cantada sente-se mais incomodado. Alguém está tentando abalar suas estruturas. Decide sair, tomar uma água. Ao voltar, mudaram o hino. É aquele profundo, que você chorava ao louvar o Senhor. Mas, desta vez, decide não fazê-lo… Seria hipocrisia da sua parte após uma semana como a que passou.
Todavia, o Senhor não desiste. Aquele jovem vem o abraçar para cantar com você. Não vai dar mais, está a ponto de render-se. Então, vem aquele pensamento… “Lembra-se do que fez? Vai ousar louvar um Deus santo sendo assim? Você não é digno Dele!”. Assim, mais uma fortaleza se levanta.
No decorrer da reunião, milhares dessas fortalezas se erguem. E você pensa: “Não é ninguém, ninguém tem a ver com isso. Vai dar certo, vou ficar bem. Não preciso procurar ajuda.”
Ao final da reunião, já está quase invencível. Nada mais irá abalá-lo. As palavras já não o fazem “sangrar” ou sentir mais nada. A apatia sobrevém. E assim, sente-se melhor. Já não está desconfortável. Porém, esquece-se de que Deus não desiste de você.
Levanta-se uma criança. Como se armar contra uma criança? “Não, deixe-a falar. Vai compartilhar o que viu na sala de crianças sobre Moisés, José… com certeza”. Enganou-se… Você se esqueceu de que Deus é mestre em derrubar fortalezas. Lembra-se de Jericó? Foram sete dias, o Senhor os rodeou, os cercou, mas as fortalezas caíram (Js 6).
Então, a criança leu: “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas foram arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado” (Hc 3:17).
Nesse momento, suas fortalezas começam a desmoronar, seu coração vê-se assim… Identifica-se com isso. A criança não para e na sua mente a semana é repassada em cada detalhe.
Continua: “O Senhor Deus é a minha fortaleza, e faz os meus pés como os da corça, e me faz andar…” (Hc 3:19). Em sua simplicidade, erra a última palavra: “alteiranemente… não, altanareimente… Desculpa, irmãos…” Então todos os irmãos a acompanham: ALTANEIRAMENTE!
Foi o golpe final. Ao ouvir as palavras da criança não pode resistir mais. Foi desesperadamente ao banheiro e orou, chorou ao Senhor, clamou e Este não o ignorou, como ele havia feito. Este jovem saiu limpo, leve. Levantou-se da cova em que estava para continuar esse caminho ao lado do Senhor, sua real fortaleza.
Sabe, jovem, muitas vezes esse processo não ocorre em uma reunião. Não é em um dia. Mas sair bem sucedido dessa batalha só depende de você.
Talvez você esteja se perguntando: Por que a palavra altaneiramente foi o estopim? Digo-lhe o que essa palavra significa: De modo alto, elevado. Esse jovem entendeu que a vida dele não será fácil por ter o Senhor. Ele compreendeu que a figueira pode não florescer, que ele pode não ter os frutos para se alimentar, pode não ter ovelhas como seu sustento e até não conseguir render sacrifícios ao Senhor pela escassez da sua força, mas, acima de tudo, ele entendeu que as fortalezas que devem existir nele não serão construídas por ele mesmo. Que seu coração precisa estar firme com as fortalezas erguidas pelo Pai. A segurança de estar sobre todas essas dificuldades vem do próprio Senhor, e para andar saltando sobre os montes, em vez de vaguear por vales, ele precisa se alimentar e ser fortalecido somente em Cristo.
Infelizmente, ainda vivemos em um mundo caótico e muitos dos nossos dias são influenciados por ele. O próprio Jesus sabe disso. Ele viveu e experimentou todas as coisas pelas quais você está passando (Hb 4:15). Mas sabe qual foi a diferença? Sabe por que Ele conseguiu vencer o mundo como homem? Por que o pecado não teve parte Nele? A resposta é que não havia máscaras entre Ele e Seu Pai. Não havia barreiras entre Ele e os seus discípulos. Ele vivia constantemente em comunhão. Ele foi alguém simples, puro, transparente. Muitas vezes não queremos despir o nosso “eu” por julgar que não é necessário, as pessoas sabem que não estou bem ou até sabem o que está acontecendo. Ainda ousamos dizer: Deus não sabe de tudo? Por que tenho que falar? A tendência é sempre procurar algo para nos esconder em vez de solucionar nossos problemas.
O que comemos e fazemos determina a nossa maneira de ser. Assim como nosso corpo biológico, que é movido pelo que ingere, nossa alma é movida pelo que absorvemos do mundo ao nosso redor. Veja que não falo das circunstâncias, mas da maneira como lidamos com elas, como encaramos o que acontece conosco. Por isso, muitas vezes esse retrato de ir a várias reuniões e permanecer resistentes ao que é dito, é a nossa realidade. Nosso cotidiano e circunstâncias envolvidas nele, fazem-nos ficar distantes de Deus e das pessoas. Assim, nosso desfrute fica sempre prejudicado, as reuniões tornam-se enfadonhas e desfrutar o próprio Senhor parece inconcebível. A religião e a apatia é o que nos mantêm ali. Todavia, Cristo não se apartou, Ele resolveu viver uma vida de monte. Uma vida altaneira. Que não era abalada pelas circunstâncias impostas pelo mundo. Antes, Ele saltava por sobre elas.
Meu desejo para você é que consiga, mesmo diante de quedas, levantar-se sempre e lembrar que tudo pode estar muito difícil apenas porque está olhando a partir de um vale. Mas que tudo se tornará mais leve, caso decida saltar sobre montanhas. Afinal, colocar máscaras e tentar esconder-se do coletivo com justificativas não é a melhor escolha para mudar o ângulo sob o qual vê.
Tenha ousadia, dê o primeiro passo. Não se esqueça de que se ocultar porque está mal ou fez algo errado não trará a paz e leveza que, na verdade, vêm do ato de arrepender-se diante do Senhor e se submeter ao desejo soberano de Cristo.