“Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do Seu ser” Hb 1.3ª
Nesse texto falaremos um pouco da Pessoa de Cristo, abordando-O em quatro aspectos relacionados com os quatro seres viventes de Apocalipse (leão, novilho, homem e águia) e os quatro evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João. Lembramos que o que será apresentado aqui é só uma pontinha do que Cristo é. Nosso Senhor é maravilhoso! Em Cristo, Deus trouxe ao homem tudo o que Ele é desde a eternidade, pois “Ele é a expressão exata” de Deus (Hb 1.3).
“O primeiro ser vivente é semelhante a leão, o segundo, semelhante a novilho, o terceiro tem rosto como de homem, e o quarto ser vivente é semelhante à águia quando está voando” (Ap 4.7).
Vemos, então, que o primeiro ser vivente é o leão. O leão é considerado o rei dos animais, é imponente e tem postura majestosa. Semelhantemente, no primeiro evangelho, Mateus, Cristo é descrito como o Rei do reino dos céus.
Logo no primeiro capítulo, vemos a descendência real de Jesus: filho de Davi (Mt 1.1, 6). Também quando Ele abençoa as crianças, fala: “Deixai os pequeninos, não os embaraceis de vir a Mim, porque dos tais é o Reino dos céus” (19.14). Aqui fica claro que ir a Ele é ir ao que tem autoridade de nos suprir entrada no reino dos céus.
Da mesma forma, no capítulo 21 desse mesmo evangelho, Jesus entra como Rei em Jerusalém, um Rei humilde: “Eis aí te vem o teu Rei, humilde, montado em jumento, num jumentinho” (v. 5). Os discípulos estenderam suas vestes sobre a jumenta e o jumentinho, para que sobre elas Jesus montasse, e a maior parte da multidão estendeu suas vestes pelo caminho, e outros cortavam ramos de árvores, espalhando-os pela estrada, e O receberam clamando: “Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas maiores alturas!” (vs. 7-9). Cristo entrou em Jerusalém como Rei.
O segundo ser vivente em Apocalipse 4.7 é um novilho, que é um animal servil. No evangelho de Marcos vemos o Senhor Jesus como um servo, alguém que veio para servir e dar a Sua vida em resgate de muitos (Mc 10.45). O grande foco desse evangelho foram as obras de Cristo em favor do homem. Esse evangelho foi escrito por Marcos, que era primo de Barnabé e não conviveu com o Senhor Jesus (Cl 4.10). Ele, porém, esteve com o apóstolo Pedro (1 Pe 5.13), e este, por sua vez, esteve com Jesus quando em Seu ministério terreno. Provavelmente o que Marcos relatou em Seu evangelho baseou-se nos relatos do apóstolo Pedro. Portanto, podemos inferir que Pedro, conhecido por sua impetuosidade, via no Senhor a mansidão de um servo, que era exatamente o que ele precisava para obter mais crescimento.
A sabedoria de Deus e Sua graça são multiformes (Jó 11.6; Ef 3.10; 1 Pe 4.10), e nós, como a igreja, manifestamos essa multiforme sabedoria de Deus. Nessa sabedoria, o Senhor se mostra a cada um de nós especifica e especialmente, de acordo com o que Ele mesmo sabe que precisamos crescer. O que vemos em Cristo é exatamente o que precisamos.
Passaremos agora para o terceiro ser vivente, o homem, e o terceiro evangelho, o evangelho de Lucas. Lucas era médico (Cl 4.14) e também não conviveu com o Senhor Jesus, mas acompanhou Paulo em suas viagens (At 16.10-17). O evangelho de Lucas foi resultado de uma acurada investigação, por meio de testemunhas oculares (pessoas que conviveram com o Senhor) e ministros da palavra (Lc 1.1-3). Como resultado de um apanhado de relatos, Lucas descreveu a humanidade do Senhor, Seu aspecto humano, o Homem Jesus que viveu na terra por trinta e três anos e meio como homem perfeito, deixando-nos um exemplo de uma humanidade virtuosa.
Por último, temos o quarto ser vivente, a águia, e o evangelho de João. A águia é animal majestoso e tipifica a natureza divina. João, por sua vez, descreveu Jesus como Deus, como o próprio Verbo (Jo 1.1,10, 14), o detentor da vida (v. 4), o único que tinha poder de tornar os homens filhos de Deus (v. 12). Só Deus pode dar Sua própria vida ao homem caído. Ele é relatado como a própria vida (11.25; 14.6) e, o mesmo apóstolo fala claramente em sua primeira epístola que Jesus é Deus:
“[Jesus Cristo] Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” 1 Jo 5.20
Que maravilhoso! Em Cristo, o próprio Deus veio ao homem! Você ainda duvida que Cristo é Deus? Então você precisa experimentá-Lo como João o experimentou: João experimentou Cristo como amor, ele sentia-se o discípulo amado (Jo 19.26; 21.20). Só podemos ver Cristo como Deus quando experimentamos Seu amor, pois Deus é amor (1 Jo 4.8).
Que rico Cristo é, tão completo, supre todas as nossas necessidades! Como Rei, supre-nos entrada no reino dos céus; como Servo, supre nossas necessidades; como Homem, nos é exemplo perfeito, cheio de virtudes. Esses três aspectos de Cristo são suficientes para salvar o homem da sua condição caída. Isso é o que chamamos de evangelho da graça: nossa salvação foi dada gratuitamente pela obra de Cristo (Rei, Servo e Homem perfeito), na cruz.
Essa Pessoa maravilhosa, nos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, nos diz que veio para salvar-nos de nossos pecados. Isso nós recebemos de graça, ao crermos no evangelho, confessarmos nossos pecados e nos arrependermos. Recebemos essa salvação de graça, sem dinheiro e sem preço (Is 55.1), apenas pela obra de Cristo.
Porém, como último aspecto, Cristo, como Deus, pode dar-nos a própria vida de Deus! Somos uma vida com Deus por causa de Cristo. Porque Cristo é Deus e nós O recebemos em nós, hoje somos filhos de Deus (Jo 1.12), temos essa mesma vida. Ele não se satisfez em apenas nos salvar, Ele quis que fôssemos um com Ele (1 Co 6.17). Porque Cristo é Deus, não apenas fomos salvos, mas temos uma porta aberta para que a vida de Deus que nos foi dada, cresça em nós gradativamente. Quanto mais vemos Cristo em todos os Seus aspectos, mais seremos semelhantes a Ele, porque contemplá-Lo nos transforma (2 Co 3.18). Isso só é possível porque Cristo, como Deus, disponibilizou a vida divina a nós. Aleluia porque Cristo é Deus!!
“Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus. […] Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque haveremos de vê-Lo como Ele é” 1 Jo 3.1-2
*Texto inspirado no livro “Os grandes diamantes da Bíblia”, de Dong Yu Lan, publicado pela editora Árvore da Vida, jan. 2015.