No mês de junho de 2015 foi divulgado um link para nossos leitores enviarem perguntas referentes ao relacionamento com o sexo oposto, abordando todo o período, desde a espera, namoro e noivado.

Utilizando essas perguntas, foram realizadas quatro entrevistas com cinco casais. Assim, tivemos a possibilidade de abordar o mesmo assunto com pessoas que tiveram experiências diferentes.

Sendo assim, neste sábado e em todos os sábados seguintes postaremos uma nova entrevista ou sua continuação.

Nossa primeira entrevista é com um casal muito divertido! Marco e Majô Mello.

Marco, 56 anos, nascido em São Paulo – SP e crescido em Poços de Caldas – MG, é formado em letras e hoje dedica o tempo todo para cuidar das coisas da Igreja.

Maria José, mais conhecida como Majô, tem 55 anos, é nascida em Barretos – SP e é odontopediatra.

Estão casados há 26 anos, moram em Sumaré – SP e têm dois filhos, com 24 e 22 anos.

Obs.: Toda vez que mencionarmos a palavra: NAMORO, estaremos nos referindo ao relacionamento cristão entre um irmão e uma irmã com vistas ao casamento (para não gerar dúvidas).

– Eu Vos Escrevi: E quanto tempo vocês tiveram de namoro?

Majô: Pessoalmente, deu o quê?

Marco: Uns três meses… Porque nós começamos a namorar e, dez dias depois, eu fui para os Estados Unidos, e fiquei lá um ano e dois meses. No meio tempo, ela foi, passou um mês…

Majô: 50 dias.

Marco: 50 dias lá e voltou. Aí eu voltei 6 ou 7 meses depois.

Majô: É melhor vocês colocarem três meses no total porque não vai contar essa novela toda, ?

Marco: Certo.

– Eu Vos Escrevi: Mas desde o tempo em que assumiram o compromisso até vocês casarem, quanto tempo foi?

– Marco: Um ano e quatro meses.

– Majô: É isso que tem de valer, , na verdade.

Feitas as apresentações, começamos a entrevista, já era noite. Somos gratos pela paciência e amor com que os irmãos nos responderam!

– Eu Vos Escrevi: Que esperar e qual a importância disso? Pelo que esperamos e por quanto tempo?

– Majô: Gente, que pergunta difícil! Esperar o quê? Qualquer coisa?

– Marco: Não, nós estamos falando de casamento, bem. É que já são 21h, vocês não podem esperar muita coisa.

– Majô: É verdade. Tá vendo?!

(risos coletivos)

– Marco: Para mim é esperar a hora certa, em primeiro lugar; e depois a pessoa certa. Esse sempre foi meu pensamento sobre isso.

– Majô: Eu esperei por muito tempo a pessoa certa. E, quando a pessoa certa veio, já era a hora certa, porque demorou tanto (risos). Eu sempre quis casar com um irmão que servisse ao Senhor bastante. Eu queria casar com um irmão que servisse ao Senhor em tempo integral.

– Eu Vos Escrevi: Esse sempre foi um desejo Seu?

– Majô: Isso. Esse era um dos itens que eu queria. Eu nem imaginava como essa pessoa poderia ser. Mas esse item eu gostaria que fosse. E aí, quando essa pessoa apareceu (eu já falei: casei com 29), conheci o Marco eu tinha 27, e aí já era a hora. Já tava passando da hora. Agora o Marco ficou esperando a hora certa. E quase que a hora passou também.

(risos coletivos)

=

– Eu Vos Escrevi: E, nesse tempo em que vocês estavam esperando, houve algum momento em que vocês ficaram em dúvida se estava demorando demais, ficaram inquietos, meio desesperados… como foi a experiência?

– Majô: Com certeza – “O Senhor esqueceu-se de mim. Eu vou ficar uma irmã solteira para o resto da vida”. Ah, muitas vezes! A ponto de, às vezes, isso até atrapalhar a comunhão com o Senhor. Pensava assim: “Será que essa pessoa existe? Eu querendo demais? Meu padrão está alto demais?”.

=

– Eu Vos Escrevi: Aí entra a segunda pergunta: Enquanto espero, que devo fazer? Como fazer? Que você fez? Como vencer essa angústia e ansiedade? Como passar o tempo?  No Vídeo do marshmallow algumas crianças viraram de costas…

– Majô: O que eu fiz foi viver a vida da igreja normalmente. Eu ia muito para as conferências e aí o tempo foi passando. Não há o que fazer. Tem de esperar. Que você fazia?

– Marco: Eu também. Eu vivi a vida da igreja intensamente. Eu já estava servindo em tempo integral já fazia 2 a 3 anos quando eu a conheci. E o que eu sempre ouvi dos irmãos foi que, antes de chegar a hora, eu deveria me preocupar em viver a vida da igreja intensamente e em ter um viver humano adequado: estudar, trabalhar. Então foi isso que eu fiz. Dediquei-me aos estudos. Trabalhei desde os 15 anos, então, isso para mim foi salvação. E eu me dediquei a isso porque eu sabia que não estava na hora, que essa era a maneira de não ficar muito preocupado.

=

– Eu Vos Escrevi: Então você tinha essa preocupação? Essa angustia: Será que a minha pessoa existe?

– Marco: Tinha, especialmente depois que eu comecei a servir em tempo integral. Eu pensei: “Agora é que eu não caso mesmo. Quem vai querer casar com um irmão de tempo integral que não tem muito a oferecer?”.

– Majô: Eu!

(risos coletivos)

– Marco: Só que eu não sabia disso. E, por isso, tinha essas preocupações sempre. E toda vez que eu via uma irmã e achava: “Hum, quem sabe seja ela”, falava: “Ah, não vai dar, ela… Ah, esquece!”. Num dado momento, numa época que eu já estava formado, com 24 ou 25 anos, já trabalhava, o assédio estava muito grande…

– Eu Vos Escrevi: Estava irresistível, né?

– Marco: Nãaao… É, todo mundo me via e queria agarrar na rua… (risos).

– Eu Vos Escrevi: Eu entendo!

– Marco: Você entende, ?

– Eu Vos Escrevi: Eu entendo, eu entendo…

– Marco: Não, é verdade! Eu falei: “Não sinto que esteja na hora, mas acho que, para acabar com essa situação toda…”, porque eu dava aula e tinha aluna que ligava para mim, mandava bilhete, e aquela coisarada toda…, mesmo achando que não tava na hora…

– Eu Vos Escrevi: sentiu que precisava de alguém para acabar com esse assédio todo!

– Marco: É isso aí! Aí havia uma irmã… Um conhecido comum, com quem eu falei, me falou: “Olha, há uma irmã na minha cidade, assim, assim… você quer conhecer?”.

– Majô: Essas coisas nunca dão certo, viu gente?

– Marco: Eu evito ao máximo esse tipo de coisa: tentar juntar as pessoas. Eu sou contra esse tipo de coisa por que comigo não funcionou nada.

– Majô: Eu tenho trauma disso!

– Marco: Então a gente tentou, conversou algumas vezes, durou um mês e pouco e não deu em nada.

– Majô: Quando rompe, quando acaba, a gente sofre muito. Não aconselhamos para ninguém.

– Marco: E sofre por que você não tem certeza, sofre porque você vê que esta sendo observado pelos irmãos, sofre… por tudo!

=

– Eu Vos Escrevi: Mas como lidar com a carência? Muitas vezes queremos apenas uma companhia para compartilhar momentos, estar juntos!

– Marco: Eu via vários colegas e irmãos da minha idade que já tinham um relacionamento e eu queria muito ter. Mas eu sabia que não estava na hora, e que podia me atrapalhar se eu iniciasse, porque, se não fosse a pessoa certa, poderia dar problema. Além disso, já tinha visto outros jovens passar por isso. Alguns jovens que amavam o Senhor, serviam bastante, iniciaram um relacionamento, começaram a esfriar e no fim o relacionamento não deu certo, ou até casaram e o casamento não deu certo. Houve muitos irmãos que passaram por muitas dificuldades antes de casar e ficaram firmes, mas, depois que casaram, o casamento acabou com eles. Então eu tinha muito medo disso. Eu sentia falta de alguém, meus irmãos eram muito mais velhos, eu não tinha irmãos da minha idade na família, na cidade onde eu morava não havia jovens por muito tempo, então eu sentia falta. Mas eu sabia que a solução não era ter alguém só para fazer companhia, então eu nunca me importei em ter. Eu procurava ter contato com os irmãos, conviver com os irmãos, eu sentia falta, mas eu nunca tomei uma atitude procurando resolver isso.

=

– Eu Vos Escrevi: Houve algum marco ou alguma coisa em que você pensou: “Agora eu estou pronto, agora acabou a minha espera”?

– Marco: Houve. Quando eu comecei a servir em tempo integral eu já tinha 26 anos, e por um ano, mais ou menos… Essa experiência de começar a servir era nova e não era nova só para mim, era nova para todo mundo. Porque, em 1986 o irmão Dong fez um chamamento para servir em tempo integral. Até 1986 não havia irmãos que servissem em tempo integral na obra no Brasil. Era o irmão Dong só. Ele era o único. Os outros todos tinham emprego, todo mundo trabalhava, não havia ninguém que servisse em tempo integral. Em 1986, ele fez um chamamento e cerca de 100 irmãos se propuseram. Alguns ficaram por seis meses e depois voltaram a trabalhar, outros estão aí até hoje. E foi nessa ocasião que eu vim. Então o primeiro ano foi de bastante adaptação porque era uma coisa nova. Quando chegou o segundo ano, quando eu já estava com 27-28 anos, eu falei: “Bom, acho que agora está na hora” e, nesse mesmo ano, poucos meses depois, o Senhor me mostrou ela.

– Majô: Não, no meu caso já havia chegado a hora fazia tempo (risos). Não, eu não tive. Porque, quando eu vim para a vida da igreja eu já estava me formando, logo eu comecei a trabalhar, então para mim já estava na hora. Antes eu não tinha essa consciência de que tinha de esperar…

– Eu Vos Escrevi: Isso com relação à questão humana, de já ter se formado, mas espiritualmente você se sentia madura para enfrentar um relacionamento?

– Majô: Nunca pensei nisso e eu não estou com sono (risos). Não, nunca pensei.  A parte humana, para mim, prevalecia mais. Eu já estudei, já estou começando a trabalhar, eu já tenho certa maturidade para enfrentar um casamento. Porque a parte espiritual para enfrentar um casamento você nunca vai ter, você vai adquirindo conforme passa pelas situações. Não tem isso: “Agora estou espiritualmente madura.” É isso que vocês estão perguntando?

– Eu Vos Escrevi: Hoje, se um irmão chegar para mim, eu vou falar: “Agora não, espere mais um pouquinho, sente ai mais um pouco”. Eu não acho que esteja pronta para saber lidar com tudo isso, para ser uma companheira idônea, ajudar o irmão crescer e servir ao Senhor. Tenho medo de ser mais alguém puxando ele para baixo, como no exemplo do Marco.

– Majô: Isso vem naturalmente. Nunca a gente vai estar madura. Se eu for olhar para mim, hoje, eu não estou madura para cooperar com ele. Muito pelo contrário!

– Marco: Esse sentimento nunca vem. Espiritualmente você nunca se sente adequado para isso, nem eu. Até hoje, espiritualmente, é um dia de cada vez.

– Majô: É uma gangorra: há dias que estou bem espiritualmente e ele não está. Aí tenho de falar: – “Não, mas a gente tem o Senhor, calma”.

– Marco: E ela me encoraja!

– Majô: E no outro dia eu estou toda descabelada e ele vem e fala: “Não, mas….” Me encoraja. Isso vai ser a vida inteira assim!

– Marco: Nesses 26 anos…

– Majô: É igual batismo: a gente nunca está pronto… Se for olhar, ninguém nunca acha que está pronto para batizar.

– Marco: Você primeiro tem a experiência do batismo e, depois, a realidade você vai adquirindo dia a dia por toda a vida: a realidade e o perdão.

– Majô: Você pode achar: “Eu não estou pronta para casar agora”, mas acho que não é o “estar pronta”, e sim que você não quer agora, você acha que ainda precisa de alguma coisa na sua vida, mas não só a parte espiritual talvez, a sua parte emocional também. Eu creio que a questão de terminar a escola, começar a trabalhar é uma fase que você já fica um pouco independente dos seus pais e pode assumir sua vida. Então já te dá humanamente a maturidade para enfrentar uma nova fase da vida. Mas espiritualmente não tem uma hora em que você fala: “Bom, cheguei aqui!”. No dia a dia as questões se misturam tanto, é tudo tão mesclado, é tudo junto. Há momentos em que temos de dizer: “Tem um problema aqui e vamos orar”. Eu nem me lembro que eu tenho de ser cooperadora dele.

– Marco: Quando a gente fala que a vida da igreja envolve vida familiar, vida social, etc., é porque não existem departamentos. Você está na reunião, está muito bom, termina a reunião, vem alguma dificuldade e você precisa lidar com aquilo naquele momento. Tem hora em que você se lembra que precisa orar, tem hora em que não se lembra, começa a se esforçar para resolver o problema, até que você lembra: “Vamos parar e vamos orar”. Há todo tipo de experiência. Então, espiritualmente, ninguém está preparado nunca. A questão é humanamente.

– Majô: Bom, na nossa opinião. Na nossa experiência.

=

[off the record:
Peraí gente, acabou a bateria, vou buscar carregador.
aqui, amor.
Num tá no carro? Eu procurei, mas não achei!
Majô: Aí ó: já está cooperando sem saber! E ainda nem são casados… Cooperar é isso: Averiguar a mochila, se não esqueceu nada. Ver se não pegou nada de ninguém, igual o Marco: foi para a reunião de casa sem Bíblia e voltou com três. Isso é que é cooperar…
Marco: Literalmente.
Majô: Não é assim: “Oh, irmão…” e levar o irmão para o espírito. Estão muito espirituais essas meninas!]

=

– Eu Vos Escrevi: A vontade de Deus é que eu espere. E se eu escolher não esperar?

– Majô: Aí é complicado. Não só no casamento, mas em tudo. É muito arriscado.

– Marco: A hora certa é muito importante em tudo. É só você ver os exemplos na Bíblia – quem não esperou acabou perdendo a bênção.

– Eu Vos Escrevi: Você poderia dar algum exemplo bíblico?

– Marco: De casamento, agora, eu não me lembro.

– Eu Vos Escrevi: Não, não precisa ser de casamento. De pessoas que não souberam esperar.

– Marco: Lembra que Saul não esperou por Samuel? (1 Sm 13:8-10) Por causa disso ele perdeu o reino. E logo em seguida Samuel chegou. Se tivesse esperado algumas horas, Saul teria consolidado o reino dele. Não teria vindo Davi, seria Saul.

– Majô: Aquele que espera no Senhor tem sempre o melhor (Sl 37:1-2).

– Eu Vos Escrevi: Davi foi o cara que mais esperou, de ser ungido até reinar.

– Majô: José. Esperou uma vida inteira uma promessa de quando era criança.

– Eu Vos Escrevi: Há algo que você gostaria que tivessem dito a você na época em que você estava esperando?

– Marco: Não. Não, graças ao Senhor o conselho que eu ouvi foi exatamente este: na hora certa o Senhor manda a pessoa certa. E foi isso que me norteou e é isso que eu repito para todo mundo.

– Majô: E me lembro de uma vez em que eu tava muito angustiada. Eu tinha medo de ficar velha e ninguém querer casar comigo. Eu fui para uma conferência e numa reunião com o Pedro Dong a gente estava lendo Levítico e falava sobre a roupa de Arão. Deus falou para Moisés como tinha de ser a roupa de Arão. E ele tinha de usar tipo um calção de linho por baixo da roupa (Lv 6:10). Aí o Pedro falou: “Se Deus se preocupou com a roupa debaixo de Arão, Ele não vai se preocupar com você?”. Nessa hora deu um estalo! Eu falei: “Bom, então não preciso me preocupar”.  Você ouve, ouve, mas tem uma hora em que dá um clique. E poucos meses depois eu o conheci. Foi algo que gerou fé em mim e, a partir daí, o Senhor como que falou assim: “Agora que você creu, eu vou te dar”.

– Marco: Essa história eu não conhecia.

– Majô: Ah, então, essas semanas atrás eu estava lendo Levítico e lembrei. Na verdade, eu nunca esqueci.

… continua no próximo post

Aqui encerramos os primeiros 40 minutos de entrevista. Próximo sábado postaremos a continuação da entrevista. Nesse próximo post, serão respondidas as perguntas a respeito de namoro.

Ao realizar a entrevista nos sentimos muito encorajados. Buscar ajuda de irmãos mais velhos e crescidos é sempre edificante. Particularmente fomos muito tocados em perceber o lado humano das pessoas, ir além de interpretações bíblicas e grandes expectativas.

“Na hora certa o Senhor manda a pessoa certa.”

— Marco Mello

Deixe também nos comentários algo do que o Senhor ministrou ao seu coração, ou mesmo dúvidas que ainda não tenham sido respondidas sobre Esperar pelo Namoro, Noivado e Casamento. Buscaremos irmãos mais velhos para cooperar conosco nas respostas!