Todos já tivemos um dia “daqueles” em que nada dá certo e pensamos em abandonar tudo, “chutar o balde” definitivamente. Aquele momento no qual percebemos que embora estejamos corretos, justos e honestos tudo continua dando errado. Você sonha com uma viagem, um emprego melhor, um carro, uma casa e, apesar de sua integridade, não consegue nada disso. Costuma ficar ainda pior quando olhamos ao nosso redor e vemos os ímpios, as pessoas que não buscam e não tem temor a Deus, aqueles que só trapaceiam, caluniam, mentem, enganam e que mesmo assim, seguem prosperando, dando-se bem na vida.
Essa situação é bastante real, creio que todos os cristãos um dia já vivenciaram ela, mas posso afirmar que não é o fim e você não está sozinho. Um exemplo deixado na Bíblia é o de Asafe. Um dos seus salmos que mais chama atenção é o 73, onde ele abre o coração extremamente amargurado, com dores no corpo e na alma e clama ao Senhor (Sl 73:21). Neste salmo, Asafe mostra como quase abandonou a fé em Deus por causa de uma experiência negativa em sua vida.
Asafe: Quando não entendemos a prosperidade dos ímpios e a dificuldade dos justos
“O teu caminho, ó Deus, é de santidade. Que deus é tão grande como o nosso Deus? Tu és o Deus que operas maravilhas e, entre os povos, tens feito notório o teu poder.” (Sl 77:13).
Asafe era um levita que liderava os músicos no templo, viveu no tempo dos reis Davi e Salomão. A Bíblia fala pouco sobre Asafe, mas este deixou um legado impressionante. Durante várias gerações, seus descendentes continuaram como músicos do templo seguindo os passos dele. Em sua experiência com o Senhor dizia “com efeito, Deus é bom” (Sl 73:1).
Porém, durante uma fase de sua caminhada com o Senhor, enfrentou uma crise espiritual muito grande, a ponto de declarar: “quase me resvalaram os pés; pouco faltou para que se desviassem os meus passos. Pois eu invejava os arrogantes, ao ver a prosperidade dos perversos.” (Sl 73:2-3). Como Asafe, você pode estar vivendo momentos de dúvidas e, quem sabe, até tenha pensado em se afastar dos caminhos do Senhor. Asafe chegou a desanimar como o versículo 13 mostra: “Com efeito, inutilmente conservei puro o coração e lavei as mãos na inocência”. A situação que trouxe Asafe a essa tristeza profunda é a mesma que muitas vezes incomoda-nos nos dias em que vivemos hoje. Enquanto Asafe crucificava a sua carne, os pecadores pareciam livres, desinibidos, descomplexados, bem-sucedidos, seguros, altivos e tranquilos. O que mais o desnorteou foi a falsa impressão de que seu zelo não lhe rendia nada.
Ao ter estes pensamentos ele descreve que se sentiu pesado “Achei mui pesada tarefa para mim; até que entrei no santuário de Deus” (Sl 73:16-17). Ele não via resposta para essa situação, até que fez o que deveria ter feito desde o início de seus conflitos, entrou no santuário de Deus e compreendeu o fim triste de todos os ímpios pecadores que ele estava invejando.
Ao perceber o quanto seus pensamentos foram enganosos, seu coração se amargurou (vs 21). Ele se considerou tolo, ignorante, um irracional à presença de Deus, pois percebeu sua ingratidão diante de todo cuidado em outras áreas de sua vida, “Todavia, estou sempre contigo, tu me seguras pela minha mão direita, tu me guias com o teu conselho e depois me recebes em glória. Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra.” Ainda que a Carne e o coração desfaleçam, Deus é a minha fortaleza e herança para sempre. (Sl 73:23-26)
Ele ainda conclui: “Quanto a mim, bom é estar junto a Deus; no Senhor Deus ponho o meu refúgio, para proclamar todos os seus feitos.” (Sl 73:28).
Quando Asafe entra no santuário, ele entra na presença de Deus, a quem tudo governa, e a Sua luz ilumina a sua mente para que ele compreenda a verdade por trás de um viver passageiro. Ele percebeu que havia retirado seu voto de confiança em Deus e por isso estava perplexo. Dentro do santuário sua alma abriu-se, ele se derramou perante o Senhor e pediu o fim da sua ansiedade, aflição, dúvidas e toda a sua revolta.
Quanto mais nos distanciamos de Deus, menos enxergamos tal realidade e passamos a achar que estamos vendo corretamente. A prosperidade fruto da desonestidade é um piso escorregadio cujo fim é dor e grande destruição (Sl 73:18), a alegria é passageira e a prosperidade também, e aqueles que invejam acabam se destruindo fisicamente e emocionalmente. Nosso verdadeiro tesouro e prosperidade é Deus, aquele que é a força do nosso coração e herança para sempre. E assim, Asafe renovou sua fé na existência e no caráter de Deus.
Jovem, Deus quer ser a sua herança, a sua porção. Ele quer ser a riqueza que ninguém vai roubar de você, o seu mais precioso tesouro, a fim de que quando você perceber a prosperidade dos ímpios, não venha a se entristecer, mas continue a adorá-lo e servi-lo, reconhecendo que já possui a maior de todas as riquezas na sua vida.
Se você está longe de Deus, aproxime-se novamente. Aproveite essa pequena situação de revolta para sentir o amor e o cuidado de Deus com você em todos os outros aspectos de sua vida, seja grato a Ele, um dia essa falsa e passageira alegria vã do mundo acabará e a tristeza tomará o seu lugar. Com efeito, Deus é bom para com Israel, para com os de coração limpo. Entregue-se ao Senhor e aos seus cuidados, lançando sobre Ele toda a sua ansiedade, porque Ele tem cuidado de você (1Pe 5:7).