“Assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei” (Isaías 55:11).
Deus é soberano sobre todas as coisas. Sua Palavra não passa (Lc 21:33). O que Ele diz acontece. A Sua Palavra tem um propósito, é uma palavra que trabalha, uma palavra que guia, promete, e que também reprova. Assim, quem a ouve, para aproveitá-la, deve ouvi-la com fé (Hb 4:2). Se for ignorada ou rejeitada, algum dia voltará ao ouvinte imprudente. Se não dermos ouvidos a uma palavra do Senhor, teremos um segundo encontro com ela, o que pode ser bastante chocante.
Há vários exemplos na Bíblia que mostram a soberania do Senhor no cumprimento de Sua Palavra, mesmo sem a aceitação ou cooperação do homem. Palavra que é muitas vezes ignorada, ou incompreendida. Vamos ver algumas delas:
Isaque tremeu
Havia uma profecia sobre os gêmeos Jacó e Esaú: o mais velho serviria ao mais moço (Gn 25:23). O pai quis abençoar o mais velho, mas Jacó, com esperteza, roubou a bênção de seu irmão. Além de Esaú, Jacó enganou seu pai, que estava cego, e a profecia se cumpriu. Quando Esaú veio a Isaque para receber a bênção e ele descobriu que na verdade havia abençoado a Jacó, houve espanto:
“Então estremeceu Isaque de violenta comoção” (Gn 27:33a)
O versículo descreve de maneira bem especial o que Isaque sentiu naquele momento. As expressões usadas ali indicam que ele sentiu um grande espanto, um grande temor, provavelmente porque ele se lembrou da profecia, assim como alguns comentaristas da Bíblia sugerem.
Isaque ficou admirado, mas não indignado com os que o enganaram. Teria ele se lembrado da profecia e visto a mão soberana de Deus que ele não pode evitar? Teria ele se arrependido de tentar abençoar o filho errado? De qualquer forma, o que vemos nessa história é que Deus é soberano. Mais tarde, o próprio Jacó contrariaria as convenções sociais abençoando, de maneira profética, primeiro o neto mais novo ao invés do mais velho (Gn 48:13-19). A vontade de Deus não pode ser impedida pelas convenções e preferências da vontade humana.
Pedro chorou amargamente
Nos momentos próximos de Sua crucificação, quando Jesus estava profetizando sobre Seu destino, Pedro disse a Ele que com Ele iria aonde fosse: prisão ou morte. Pedro não conhecia sua real condição, por isso o Senhor o advertiu dizendo: “nesta mesma noite, antes que o galo cante, três vezes me negarás” (Mt 26:34b). Quão amargo deve ter sido o sentimento de Pedro quando aquilo se cumpriu: “Então, voltando-se o Senhor, fixou os olhos em Pedro, e Pedro se lembrou da palavra do Senhor, como lhe dissera: Hoje, três vezes me negarás, antes de cantar o galo. Então, Pedro, saindo dali, chorou amargamente” (Lc 22:61-62)
Somente no momento em que Pedro viu os olhos do Senhor fixos em si ele se lembrou daquela palavra. Não nos conhecemos a nós mesmos. É o Senhor quem pode nos revelar quem realmente somos. Por isso precisamos de humildade e ouvidos atentos.
“Não te disse?”
Não vamos pensar nisso apenas de maneira negativa. A palavra do Senhor é para o nosso bem, embora muitas vezes não entendamos esse “bem”. É com fé nela que descobrimos as grandes alegrias dos propósitos de Deus e todo o bem que Ele tem para nós.
A história da ressurreição de Lázaro mostra vários conflitos entre a fé e a lógica humana. Jesus soube que Lázaro estava doente, mas ainda assim demorou dois dias para sair do lugar em que estava. Quando Jesus chegou, questionamentos apareceram. Maria e Marta diziam “Senhor, se estiveras aqui, meu irmão não teria morrido”, outros perguntavam “Não podia ele, que abriu os olhos ao cego, fazer que este não morresse?”. Mas Jesus tinha algo ainda maior e maravilhoso para fazer, mais do que meramente curar uma doença. Ele queria ressuscitar Lázaro.
Quando Jesus pediu para abrirem o túmulo de Lázaro, Marta disse: “Senhor, já cheira mal, porque já é de quatro dias”, ao que o Senhor respondeu com uma frase bela, porém constrangedora:
“Não te disse eu que, se creres, verás a glória de Deus?” (Jo 11:40).
Ó, quanto temos falhado na fé! Muitas vezes não cremos na Palavra de Deus, preferindo nossa avaliação das situações ou nossas preferências. Quantas vezes Ele precisa nos dizer as mesmas palavras! Para mim, Ele precisa dizer muitas vezes. A Palavra de Deus não volta vazia. Ela age através de meios que não podemos imaginar.
Em Isaías 55:11, vemos que Deus faz sua obra através de Suas palavras. São muito abençoados aqueles que realmente atendem a elas logo na primeira vez em que as ouvem. Se são palavras de reprovação, arrependem-se; se são promessas, creem e as esperam com paciência. Que Ele encontre fé em nós e não precise nos dizer: “eu avisei”, nos repreendendo por termos demorado a dar ouvidos ao Seu falar.
“Senhor nos ensina a andar por fé e não pelo que vemos, sentimos ou preferimos!”
“Assim, pois, como diz o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração (…) Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo;(Hb 3:7-8a, 12).