Em algum momento, em sua vida cristã, você já se perguntou se Deus realmente o ama? Se aquela cruz realmente aconteceu, se o sofrimento no madeiro foi real, se o sangue foi de fato derramado, se verdadeiramente encravaram pregos nas mãos e pés de uma pessoa inocente? Você já duvidou?
Não sei você… mas eu sim. Eu já duvidei do amor Dele. Ainda digo mais, apesar de ter nascido em um lar cristão, eu já pensei que Ele, o Eterno, não existisse de verdade. Surpreendente? Eu creio que não.
Imagine a seguinte situação: uma criança de 1 ano e meio corre até cozinha sem que os seus pais vejam, empurra um banco de plástico até a cômoda, sobe em cima dele, abre o faqueiro, pega uma faca e corre em direção ao pai para mostrar o seu grande feito, “peguei a faca, pai, olha aqui”. O pai, em um súbito disparo de adrenalina, pega a faca bruscamente da mão da criança e “ufa, foi por pouco”, se sente aliviado.
Reflita sobre o que vai passar pela cabeça dessa criança. Certamente, naquele momento, ela não vai considerar que seu pai é o grande herói do dia. Pelo contrário: “Meu pai acabou de tirar tudo que conquistei das minhas mãos, como ele teve coragem de fazer isso?”. Logo em seguida, começará um choro que durará em média 15 minutos (os pais menos pacientes darão um chocolate para a criança parar de chorar).
Tirar a faca da mão da criança foi um ato necessário para a segurança dela. Um pai amoroso não pensaria duas vezes em tomar essa atitude, pois ele simplesmente sabe o que é melhor para o seu filho. Porém, para a criança, esse ato foi extremamente violento e desnecessário, ela conquistou aquela faca com muito esforço e dedicação. Seu pai simplesmente tirou o objeto da mão dela como se não se importasse nem um pouco com o seu feito. Neste momento, essa criança duvidou do amor do pai, mesmo que inconscientemente.
Depois de ler esse exemplo, talvez você pense: “O que uma criança de 1 ano de idade tem a ver comigo? Já passei dessa idade há muitos anos”. Eu digo a você, amigo cristão, que muitas vezes nossa atitude é muito – mas muito! – semelhante a dessa criança que chora pela faca “roubada”.
Sabe quando discutimos com Deus questionando sobre o por quê de ainda não termos tudo aquilo que pedimos? Sabe quando conquistamos algo e Deus não nos deixa realizar?
Talvez você pense: “MAS POR QUE ISSO? EU TE SIRVO, EU LEIO A BÍBLIA TODOS OS DIAS. Por que eu ainda não passei no vestibular que quero? Por que eu ainda não fui chamado no concurso que passei? DEUS, CADÊ MEU EMPREGO?”.
E, neste momento, você tenta “jogar na cara” de Deus todas as promessas que Ele já fez a você e, prontamente, surge em sua cabeça uma sutil pergunta: “Onde está aquele amor que você me prometeu?”. Deus poderia simplesmente dar a você um “chocolate” e fazer você se calar, mesmo que por um momento, mas Ele não vai fazer isso. Ele sabe o que é melhor para a sua vida. Ele não vai enganar você. Ele é sincero com você.
Deus não está interessando que Seus filhos sejam mimados e infantis. Já imaginou se Ele concedesse o seu pedido (a vaga na universidade, o emprego, o namorado, a viagem ou, até mesmo, crescimento espiritual instantâneo) e essa concessão fizesse com que você se afastasse dEle? Valeria a pena pagar esse preço? Imagine se o pai da história que foi contada acima não tivesse tirado a faca da mão da criança, a consequência disso seria no mínimo dolorosa, você não acha?
Deus é como esse pai que retira “a faca” da mão do filho. Inicialmente, talvez, você não entenda o porquê, mas Ele, o Eterno, já tem tudo – absolutamente tudo – arquitetado para a sua vida, basta apenas que você confie. Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida (João 14:6). Ele é amor (1 João 4:8), é luz (1 João 1:5), é justiça (Is 30:18). E eu poderia ficar dias falando da grandiosidade Dele. Ele conhece você e sabe exatamente o que você necessita. Muitas vezes nós não sabemos, mas Ele sabe.
O amor Dele é tão grande que foi capaz de abdicar da vida de Seu Filho para salvar aquele que, simplesmente, crê (João 3:16). Isso não é suficiente? Estou certa que é. Quando nos damos conta da grandiosidade do amor e do plano que Ele tem para nós, nenhuma das nossas petições faz sentido. Então, não exija nada Dele, não duvide Dele, apenas entregue-se e permita que o Senhor execute Seu plano divinal.