A Vida e sua beleza
Por muito tempo achei que eu não soubesse viver. Na verdade, só nunca consegui viver sem Deus. Sorte a minha ter dado de cara com minha visível incapacidade de levar a vida sem Ele. Os que nascem, vivem uma suposta vida equilibrada, mas independente Dele, e morrem achando que souberam viver, nunca sequer conheceram a vida. Conhecê-Lo é a vida eterna (Jo 17:3).
Naquele tempo eu era como uma criança entediada pulando em poças d’água, de poça em poça, uma mais rasa que a outra. Até que pulei em uma chamada “Vida”. Para minha surpresa, nessa afundei e descobri um universo muito além de mim. Tudo que é belo e “profundo” no mundo tem a profundidade de uma poça d’água aos olhos de quem já mergulhou no oceano de Deus.
Foi submerso na vida, envolto por seu doce silêncio, distante do barulho da minha própria mente e tendo meus conceitos completamente quebrados, que Ele me sussurrou: “Se você quiser salvar sua vida, você vai perdê-la, mas se perder sua vida por minha causa, você vai encontrá-la” (Mt 16:25). Então decidi dar minha vida em troca da verdadeira vida, só ainda não sabia o caminho.
O Caminho e seu desafio
Da mesma forma que o mundo tenta resolver questões interiores com soluções exteriores, eu fazia. Era como um artista que tenta pintar o interior de um vaso por fora, como alguém que tenta derrubar uma árvore pelas folhas, cada dia mais frustrado com o resultado desse esforço. Em meio a essa frustração muitos culpam a sociedade e chegam a tirar a própria vida, após ter lutado como quem soca o vazio, enquanto todo seu ser ansiava por um sentido, um caminho.
Por isso antes de conhecer o caminho, imaginava que a verdadeira batalha humana fosse contra o “sistema”, uma luta contra algo externo, até o dia em que o conheci e Ele me disse: “Sua verdadeira guerra é contra o seu “sistema”: seu egocentrismo, sua autopreservação, sua autossuficiência, sua autopiedade, sua autoadmiração, sua justiça própria. Negue a si mesmo, tome a sua cruz e me siga” (Mt 16:24). Então entendi: se sou livre de mim mesmo, o que haveria para ser atingido?
No caminho, aprendi que a verdadeira prisão se origina no meu próprio desejo egoísta, que é de onde vem o pecado; e o pecado gera a morte (Tg 1:15). Enquanto o mundo prega uma liberdade externa, na verdade, o homem pode ser livre na condição em que estiver se for livre de si mesmo. Mas seria possível ao homem libertar-se do peso de “carregar” a si próprio? Eu precisava saber a verdade.
A Verdade e sua liberdade
Existem muitas ideias sobre o que seria a verdade. Ouvi até que cada um poderia ter a sua própria verdade. Pareceu-me agradável ter a minha própria, mas nenhuma de minhas “verdades” pôde libertar-me de mim. O que eu precisava saber é que a Verdade nunca foi um conhecimento, mas uma pessoa; e na medida em que conheço essa pessoa, mais livre sou de mim (Jo 8:32).
Quanto mais contemplo a Verdade, mais sou transformado em Sua imagem (2 Co 3:18). Ela me transforma em um ramo da Boa Árvore (Jo 15:5) para que eu possa dar bons frutos (Rm 6:22), me torna justiça (2 Co 5:21) para que eu tenha o fruto da justiça (Fp 1:11). Esse fruto é o amor e onde há o amor não existe egoísmo. A Verdade me torna alguém novo para que eu seja livre.
Estar com a Verdade me faz ser uma nova criatura todos os dias (2 Co 5:17). Então hoje sou o que sou pela graça (1 Co 15:10) e me esqueço dos erros de ontem (Fp 3:13). Assim o ser nova criatura é o que deve regrar minhas atitudes (Gl 6:15-16), ao invés de minhas atitudes definirem quem sou; sabendo que nesse relacionamento, a obediência à Verdade me ensina como um novo homem age.
Amado leitor, não fique frustrado com o mal que ainda vê em você, afinal não andamos pelo que vemos, mas por fé (2 Co 5:7). Considere-se morto para o pecado (Rm 6:8). Diante de cada desafio, experimente agradecer por ter sido feito alguém novo e perdoado, confiando que o sangue Dele o purifica de todo pecado (1 Jo 1:7) e conheça o poder de ter uma identidade: filho de Deus (Jo 1:13).
Mergulhe Nele, passe tempo com Ele, e será capaz de andar Nele.
“Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim” (João 14:6).